Bolsonaro, através do seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, impediu que o governador do Amapá e presidente do Consórcio da Amazônia Legal (fórum dos governadores da região), Waldez Góes (PDT), discursasse na Cúpula do Clima das Organização das Nações Unidas (ONU).
Integram o Consórcio da Amazônia Legal os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Com o veto à participação do governador Waldez Góes, o Brasil ficou sem representação no evento.
Os presidentes do Chile, Sebastián Piñera; da Colômbia, Ivan Duque; e da França, Emmanuel Macron, convidaram oficialmente Waldez Góes, que coordena o grupo de nove governadores, para discursar na Cúpula do Clima, que aconteceu na segunda-feira (23).
Porém, Ernesto Araújo alegou que o governador não estava escalado para discursar na cúpula e pressionou o governo da Colômbia para que mudasse de posição, vetando a participação de Góes.
“Desde quarta-feira [18 de setembro] a Colômbia, sob pressão do Ministro Araújo, cria grandes obstáculos à participação de autoridades estaduais”, afirmou um dos organizadores do evento, em mensagem que vazou.
O governador Góes disse que “tinha recebido convite para participar e falar enquanto autoridade regional, mas depois, pelas informações que tivemos, a Colômbia teria criado problemas, dada a relação com o governo do Brasil”.
“É lamentável, porque queríamos que houvesse um representante brasileiro falando para o mundo sobre a Amazônia. É um debate necessário para a Humanidade”, continuou o governador, que voou até Nova York para participar da reunião.
O governo Bolsonaro, no entanto, não conseguiu falar na Cúpula para Ação Climática. Segundo informou a ONU, a palavra seria facultada a governos que apresentaram “um plano para aumentar o compromisso com o clima”. Não era o caso do governo Bolsonaro.
Desde o início de agosto, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou dados que mostravam o aumento do número de queimadas na Amazônia em 2019, Jair Bolsonaro passou a agredir todos os que não aceitam a sua política contra a Amazônia e o meio ambiente.
Depois de dizer que o ex-presidente do Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ricardo Galvão, estava a serviço de ONGs internacionais e que os dados do Instituto eram falsos, Bolsonaro o demitiu.
Mais tarde, devido à desconfiança de que nada seria feito para proteger a Amazônia, a Noruega e a Alemanha suspenderam suas doações para o Fundo Amazônia. Bolsonaro publicou em suas redes sociais um vídeo de caça às baleias e disse que aquilo acontecia na Noruega. O vídeo, porém, era da caça de baleias promovida pela Dinamarca.
“A Noruega não é aquela que mata baleia no Polo Norte? Explora petróleo também lá? Não tem nada a dar exemplo para nós. Pega a grana e ajude a [chanceler alemã] Angela Merkel a reflorestar a Alemanha”, declarou.
O governo Bolsonaro, através de Ernesto Araújo, desmentiu que tivesse pressionado a Colômbia para impedir a participação do governador do Amapá: “A notícia é falsa e não tem fundamento”.
O que é um recorde: além de falsa, não tem fundamento. De onde se presume que Araújo admite a possibilidade de uma notícia ser falsa, mas ter fundamento.
A mentira leva a esses problemas…