Faltando só um mês para as eleições gerais de 27 de outubro na Argentina, Macri, que não tomou nenhuma medida para aliviar a situação criada pela megadevalorização que executou em 12 de agosto, assinou um ridículo decreto para entregar um bônus de cinco mil pesos (362 reais) por conta de futuras negociações salariais e em parcelas aos trabalhadores de empresas privadas.
A medida eleitoreira do governo, além de não servir para aliviar em nada o trabalhador arrochado sob uma inflação galopante, é rechaçada pelas Pequenas e Medias Empresas (PYMES), das quais fecharam mais de 28 mil e que não tem condições de cumprir com essa imposição demagógica, sem o concurso de outras medidas de apoio a sua retomada do crescimento.
Do mesmo modo, as centrais sindicais denunciam que o governo continua fazendo negociações e assinando acordos que vulneram a soberania e as normas constitucionais, sem autorização do Congresso.
A oposição denunciou que o governo deixa a Argentina como “terra arrasada”, depois que Macri não conseguiu nem pagar seu próprio compromisso de cinco bilhões 400 milhões de dólares ao Fundo Monetário Internacional, parcela já vencida depois do endividamento monstro que levou o país a assumir com o FMI.
A Associação de Pessoal de Direção das Ferrovias e Portos Argentinos e outros sindicatos afins declararam “estado de alerta permanente” diante do projeto de Macri de, em uma política de vale-tudo, transferir os amplos e valiosos terrenos do Porto de Buenos Aires, que pertencem à nação, para a capital, para continuar com uma negociata imobiliária já que o atual prefeito, Horacio Rodríguez Larreta, é o único governista com chances de reeleição, pela capital, e ficaria como o único bastião importante da aliança Cambiemos que até agora governa com Macri.
Enquanto se avolumam as denúncias pelos atos do governo de assinar acordos secretos, nomeações de juízes ou negociações que favorecem tanto os funcionários do governo como empresários próximos, ou de cumprir com todas as imposições dos Estados Unidos, todas as pesquisas dão como ganhador com mais de 50% dos votos a Alberto Fernández, do bloco opositor Frente de Todos.
Milhares de manifestantes de movimentos sociais e associações de trabalhadores do Estado em nível nacional, já haviam ocupado ruas e marcharam em Buenos Aires por distintas avenidas até a Praça de Mayo e o Congresso, na terça-feira, 24, para denunciar antecipadamente a manobra como uma nova mentira do governo e uma tentativa de burlar a vigilância popular.