A estátua do ex-presidente argentino e o primeiro secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Néstor Kirchner, situada no setor externo do edifício sede do organismo, que goza de imunidade de jurisdição, foi derrubada no dia 26 de setembro.
A invasão bárbara perpetrada pela polícia do edifício da organização regional, localizado a cerca de 10 quilômetros ao norte de Quito, capital do Equador, e a retirada da estatua de Kirchner não mereceram nenhuma explicação oficial nem das autoridades locais, nem da chancelaria do Equador, mas o que restou do monumento ficou coberto com um plástico negro, visibilizando ainda mais o descaso.
A Unasul nasceu em maio de 2008 como um projeto de integração regional, apoiado principalmente pelos então governos da Argentina, Venezuela, Brasil, Bolívia e Equador, entre outros, com o objetivo de criar um foro de discussão, de elaboração de políticas regionais e de resolução de conflitos que, diferente da Organização de Estados Americanos (OEA), não incluísse os Estados Unidos e sua política de ingerência.
Com a mudança do quadro político que houve em muitos dos países da região, a organização que incluía a todos os Estados sul-americanos e que tomava decisões só por consenso perdeu força. A crise na Unasul iniciou-se em 2017 quando os doze Estados membros não conseguiram entrar em acordo sobre o novo secretário geral, se agravou pelas posições divergentes sobre a situação na Venezuela e mais ainda quando, em abril de 2018, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru suspenderam sua participação e financiamento.
A estátua, que esteve no local durante cinco anos, foi doada pela esposa de Néstor Kirchner, a também ex-presidente e atual senadora Cristina Fernández de Kirchner, que hoje é candidata à vice-presidência da Argentina nas eleições gerais que acontecerão no próximo 27 de outubro.
Em meados de março último, o presidente Lenin Moreno dispôs que o Equador deixasse a Unasul argumentando que esta não tinha cumprido os propósitos para os quais foi constituída.