Ele também foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo caso das candidaturas laranjas do PSL de Minas Gerais
Jair Bolsonaro pretende manter o ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) no cargo, mesmo após o seu indiciamento pela Polícia Federal por desvio de recursos através de candidaturas laranjas nas eleições de 2018.
A decisão foi confirmada pelo porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros.
“O presidente da República aguardará o desenrolar do processo. O ministro permanece no cargo”, disse o porta-voz.
O Ministério Público de Minas Gerais decidiu denunciar o ministro do Turismo sob acusação de envolvimento no esquema de laranjas do PSL. A decisão foi tomada depois do indiciamento dele pela Polícia Federal.
O ministro foi indiciado, junto com mais dez pessoas, no inquérito sobre o uso de candidaturas laranjas no PSL, mesmo partido de Bolsonaro, em Minas Gerais. Ele foi presidente da sigla no Estado durante as eleições e é acusado de ter cometido crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.
Álvaro Antônio está sendo investigado desde o início do ano, depois que uma reportagem publicada em 4 de fevereiro, pelo jornal “Folha de S. Paulo”, revelou a existência de um esquema de laranjas no Estado, que direcionou verbas públicas de campanha eleitoral para empresas ligadas ao seu gabinete na Câmara dos Deputados.
Em 13 de março, durante café da manhã com jornalistas, Bolsonaro afirmou que, quando houvesse uma conclusão das investigações, definiria o destino do ministro se a PF concluísse pelo envolvimento dele no caso dos laranjas. “Será tomada uma decisão que fará jus ao nosso compromisso de campanha”, disse.
O então presidente do PSL mineiro indicou ao comando nacional do PSL e repassou R$ 279 mil para as candidatas Lilian Bernardino, Milla Fernandes, Débora Gomes e Naftali Tamar. Elas não apresentaram desempenho significativo nas eleições. Juntas, receberam 2.084 votos, o que motivou as suspeitas de irregularidades.
Do dinheiro repassado, ao menos R$ 85.000 foram para as contas de quatro empresas de conhecidos ou parentes de Marcelo Álvaro. Ele também tentou levar a investigação para o Supremo Tribunal Federal (STF), alegando prerrogativa do foro privilegiado. Mas o ministro Luiz Fux rejeitou o pedido.
Com o indiciamento, a oposição já começou a cobrar de Bolsonaro o afastamento do ministro. Também há articulações para que Marcelo Álvaro seja convocado para prestar esclarecimentos sobre as candidaturas laranjas no Congresso. O pedido de convocação deve ser apresentado na próxima terça-feira (8).
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, explicou que a Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor já fez alguns convites para que o ministro fosse falar das candidaturas laranjas. Porém, ele cancelou a ida ao colegiado em três situações diferentes.
“Transformarei o convite em convocação terça-feira. E, como Bolsonaro prometeu, aguardaremos a exoneração imediata do ministro”, informou Randolfe nas redes sociais.
Veja a lista de implicados:
Marcelo Álvaro Antônio – ministro
Irineu Inacio da Silva – deputado estadual em Minas pelo PSL
Lilian Bernardino – suspeita de ser candidata-laranja
Debora Gomes – suspeita de ser candidata-laranja
Camila Fernandes – suspeita de ser candidata-laranja
Naftali Tamar – suspeita de ser candidata-laranja
Marcelo Raid Soares – dono de duas empresas gráficas em Belo Horizonte
Roberto Silva Soares – assessor do ministro
Mateus Von Rondon – assessor especial do ministro
Reginaldo Donizeti Soares – irmão de Roberto Silva Soares
Haissander de Paula – ex-assessor do ministro quando ele era deputado federal
W. F.
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