O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (4) a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) apresentando dados que reforçam o crescimento da desigualdade no país.
De acordo com o que consta no relatório produzido a partir de dados de 2018, 23,9% das famílias brasileiras vivem com rendimento mensal de R$ 1.245,30. Usando de matemática simples e considerando que as famílias são compostas, em média, por 3 pessoas, são R$ 415, 10 para cada membro – valor que não é suficiente nem para comprar uma cesta básica (que em São Paulo custa em média R$ 501 segundo levantamento do Dieese).
Além da renda do trabalho, o IBGE considera rendas advindas de transferências (como Bolsa Família, pensões, aposentadorias, bolsas de estudos), rendimento com alugueis, rendimentos não monetários e outros (como heranças, venda de patrimônio e etc).
Trabalho
Ao detalhar as fontes por faixas de rendimento, a pesquisa mostrou que as famílias mais pobres tem a composição das suas rendas baseadas nos programas de transferência de renda, pensões ou rendimentos não monetários: apenas 41% dos ganhos mensais vem do trabalho. Outros 28,8% vem de transferência e 28,2% de rendimento não monetário – que inclui, por exemplo, a troca de mercadorias ou serviços por alimento, moradia ou bens de consumo.
“Se retirar isso [rendimento não monetário e rendimento advindo de transferência], você vê que o tamanho do rendimento seria ainda menor. E vale lembrar que, dentro dessa classe de rendimento, você encontra ainda mais desigualdades, já que estamos falando de uma média e dentro desse grupo [dos que têm rendimento mensal de até dois salários mínimos] há famílias que não recebem sequer um salário mínimo por mês”, destacou André Martins, responsável pela pesquisa do IBGE.
Renda média global
Somados todos os rendimentos divididos pelo total de famílias brasileiras, a média seria de R$ 5.088,70 mensais, disse o IBGE. Mas enquanto os mais pobres, ou 23,9% das famílias, ficam com apenas 5,5% do rendimento médio mensal, os que ganham 25 salários mínimos somam 2,7% de todas as famílias e respondem por 20% de toda a renda média nacional. Os primeiros, que tem renda mensal média de 1.245,30 por mês ficam a um abismo de distância da classe mais alta, onde o rendimento médio chega a R$ 17.425,13 mensais.
“Isso mostra como os extremos são desiguais na hora de colaborarem para rendimento médio mensal das famílias brasileiras”, concluiu André.