A manifestação em defesa da Petrobrás e contra o entreguismo do governo Bolsonaro reuniu cerca de 20 mil pessoas no centro do Rio de Janeiro na quinta feira (03). Os ex-diretores da Petrobrás, que honraram seus cargos na estatal, Ildo Sauer e Guilherme Estrella, discursaram no ato e reafirmaram o papel fundamental da estatal no desenvolvimento do país.
O protesto reuniu também estudantes, pesquisadores e professores contra os ataques do governo à Educação, às Universidades, Institutos Federais, aos centros de pesquisa, à Ciência e à Tecnologia nacionais.
Diversas lideranças políticas, de vários partidos, sindicatos, centrais sindicais e mais de 70 entidades, entre elas a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), estiveram presentes ao ato, que foi realizado em frente ao prédio da sede da Petrobrás, na Avenida Chile, região central do Rio de Janeiro.
Houve também uma passeata pelas ruas do centro do Rio de Janeiro. O protesto contra as medidas do governo Bolsonaro ocorreu na mesma data em que se comemora os 66 anos da Petrobrás.
O governo acaba de anunciar a realização, em novembro, do que ele tem chamado de “megaleilão do pré-sal”, para entregar ao cartel do petróleo, chefiado pela Exxon e a Shell, a preço vil, a área que excede os 5 bilhões de barris de petróleo da Cessão Onerosa do pré-sal, pertencente à Petrobrás.
A estimativa da própria Agência Nacional do Petróleo (ANP) é de que será entregue uma área com reservas de 6 a 15 bilhões de barris de petróleo, ou uma área correspondente ao Campo de Libra, que foi leiloado em 2013.
O governo espera arrecadar R$ 100 bilhões com a venda de uma área que renderá aos felizes compradores uma quantia que chegará, com a comercialização dos 15 bilhões de barris a US$ 60 o barril, a US$ 600 bilhões, ou R$,2,4 trilhões. Como disse Ildo Sauer, “é a hipoteca do futuro do Brasil a troco de migalhas”.
Ao saudar os “brasileiros e brasileiras”, em seu discurso, como fazia Getúlio Vargas, criador da Petrobrás, o professor do Instituto de Energia da USP, Ildo Sauer, lembrou o papel de Guilherme Estrella na descoberta do pré-sal.
“Com fraternal orgulho, abraço o meu irmão Guilherme Estrela. Tivemos a oportunidade de promover uma inflexão na história da Petrobrás a partir de 2003, formulamos um novo plano estratégico, com uma nova direção. Arrancamos a Petrobrás dos desígnios neoliberais de então e provamos que era possível mudar a Petrobrás e o Brasil”, disse ele.
“Quando muitos duvidavam, nosso plano estratégico, implementado de maneira brilhante pelo irmão Guilherme Estrella e sua equipe, levou o Brasil a descobrir a maior reserva de petróleo do mundo das últimas décadas. Quando ela foi descoberta, diziam “é mentira!”. “Não tem petróleo!” “Se tiver petróleo é muito caro!” “Não será produzido!”
“Estes são os infames detratores da Pátria, que estão agora também na base desse governo entreguista”, denunciou.
“A verdade é que hoje, o que estão disputando essencialmente é a riqueza que representa o pré-sal, não só em termos do Brasil, mas em termos do mundo inteiro, porque é o pré-sal que pode marcar a diferença entre a continuidade da hegemonia do petróleo e o seu desenvolvimento soberano”, afirmou.
“Com o Brasil aliado à OPEP para a manutenção do preço, é capaz de garantir a geração de riqueza para transformar este país”, acrescentou Ildo.
“Mais do que falar do pré-sal, é necessário recordar a trajetória histórica que representou a Petrobrás. A Petrobrás, assim como a Eletrobrás, o BNDES, a Siderúrgica Nacional, a Telebrás, representam a coroação de uma nova concepção de Estado brasileiro de nossos antepassados de 66 anos atrás”, disse Ildo.
“Foi com base nessa formulação de país, que nós criamos as bases para inserir o Brasil de maneira moderna, soberana e autônoma no mundo”, disse o professor da USP.
“Nem os governos militares ousaram assaltar essa verdade”, lembrou Ildo. “Esses tenebrosos tempos devem estar com seus dias contados. Da recente derrota dessa batalha vai ressurgir a força da vitória final. Em nome dos antepassados, que visualizaram um Brasil diferente, autônomo, soberano, dos quais um dos mais importantes instrumentos era a Petrobrás. Era a construção da capacidade brasileira de interpretar a natureza, de transformá-la. Isso está representado pelo edifício que está atrás de nós”, arrematou o professor.
Em sua fala, Guilherme Estrella também comemorou o aniversário da Petrobrás e demonstrou sua preocupação com a privatização como um alerta para todos. “Hoje é um dia de alegria, porque completamos 66 anos de Petrobrás. É uma vitória do povo brasileiro, para aqueles que a fundaram do zero. Não havia uma empresa trabalhando com petróleo no país e hoje ela é a mais competente do planeta no ramo”, afirmou o engenheiro.
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