Daniel Silveira e Rodrigo Amorim, conhecidos bolsonaristas do Rio de Janeiro, causaram indignação na manhã desta sexta-feira ao realizarem uma “vistoria” no campus de São Cristovão do Colégio Pedro II, na zona norte do Rio de Janeiro.
Os dois parlamentares do PSL, um federal (Daniel) e o outro estadual (Rodrigo), invadiram a sede do colégio sem prévio aviso, ou convite. Eles são os mesmos que, durante a eleição, quebraram a placa em homenagem à vereadora carioca Marielle Franco (executada por milicianos em março de 2018), durante um comício do então candidato ao governo do Rio, Wilson Witzel, em setembro do ano passado.
Os alunos reagiram à invasão. Os parlamentares, que entraram sendo vaiados, deixaram o colégio sob gritos dos estudantes: “Ô, Marielle, quero justiça, não aceitamos deputado da milícia”.
A reitoria da unidade chamou a Polícia Federal, pois eles não tinham autorização para entrar no local. Os bolsonaristas fotografaram tudo o que consideravam ter uma conotação política dentro da escola de Ensino Médio.
O reitor da instituição, Oscar Halac, acompanhou os bolsonaristas dentro da unidade.
Ao parar em frente a um mural da escola que exibe recorte de várias notícias de jornal, o deputado Daniel Silveira questiona um deles, que menciona a mortalidade de jovens e afirma que a cada 13 minutos morre um jovem negro morre no estado.
Reitor: “O número de morte está imenso no Rio de Janeiro”.
Daniel Silveira: “De bandido”.
Reitor: “Mas tem criança de oito anos que não pode ser bandido”.
Daniel Silveira: “Já fez a perícia?”.
Reitor: “Pra saber se ela é bandido?”.
Daniel Silveira: “Não, para saber se ela foi morta por policiais”.
O reitor afirmou que realizará uma representação nos conselhos de ética do Congresso Nacional e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), pois os deputados estavam fazendo imagens sem autorização no local, com a presença de crianças.
Segundo o deputado a “vistoria” foi motivada porque ele foi procurado em seu gabinete para que destinasse verba ao Colégio Pedro II, mas não citou quem o procurou.
“Tiramos foto de vários locais: de murais, de infiltrações, de salas de aula que tivessem livros ou qualquer coisa também. Nosso intuito não é ideologia. Contudo, se for visto a ideologia, é evidente que também iremos catalogar e levar ao ministério para que eles também possam tomar medidas, caso haja medidas a serem tomadas”, disse Silveira.