Depois de assinado um acordo com o presidente Iván Duque para aumentar o orçamento da Educação, os estudantes das universidades públicas e privadas colombianas ocuparam novamente as ruas denunciando o desrespeito ao que foi acertado.
Uma marcha de alcance nacional foi convocada pela União Nacional de Estudantes da Educação Superior (UNEES) e da Associação Colombiana de Representantes Estudantis da Educação Superior (ACREES), em rechaço à corrupção, à repressão contra os protestos e exigindo o “cumprimento integral” dos acordos feitos com o governo no final do ano passado.
Os estudantes atenderam à convocação de suas entidades e milhares de universitários tomaram as ruas, na quinta-feira, 10, nas principais cidades da Colômbia para exigir o aumento do orçamento destinado à educação pública, prejudicada pela falta de recursos.
Os estudantes denunciam que o governo não cumpriu uma série de tratos, como ampliar para 4,5 trilhões de pesos colombianos (US$ 1,3 bilhão) os investimentos nas instituições de ensino superior do país além de combater a corrupção na Educação, que assola especialmente as universidades de Bogotá.
“Queremos que se cumpram os acordos firmados o ano passado”, disse à AFP Juan David Patiño, estudante de economia da Universidade Nacional, que marchava sob chuva em direção ao centro de Bogotá.
Segundo os universitários, o governo se comprometeu a destinar cerca de 86 milhões de dólares à Colciencias, organização que dirige a pesquisa científica do país, mas só destinou menos de um terço, 23 milhões.
“Chegou uma parte (do orçamento pactuado), mas não completo. Assim todo nosso trabalho fica prejudicado e até os materiais que precisamos ficam não só defasados, como também estragados. Pedimos o orçamento completo, é para o bem do nosso país”, assinalou o estudante de engenharia, Danilo Cruz, que carregava um escudo com a palavra “paz” que, assegurou, usaria para se defender e a seus companheiros em caso de choques com a polícia.
Com consignas e cartazes, os universitários protestaram ainda contra casos de corrupção em algumas entidades educacionais e em rechaço de “abusos” no uso da força da polícia antidistúrbios em recentes manifestações estudantis.
As marchas aconteceram em Bogotá, Cali, Medellín e Barranquilla mesmo diante de um forte aparato policial. Em manifestações anteriores a polícia se chocou com os manifestantes.
No ano passado, professores e estudantes organizaram cerca de dez jornadas de protesto com paralisações que se prolongaram durante mais de dois meses e terminaram com o acordo que hoje é sabotado pelo governo de Duque, que mantém a Educação sob arrocho orçamentário.