Os valores das notas fiscais apresentadas pela campanha do PSL de Minas Gerais à Justiça Eleitoral coincidem com planilha que também apresenta valores pagos por caixa 2 apreendida pela PF em gráfica.
Uma planilha de pagamentos apreendida pela Polícia Federal na gráfica Viu Mídia, de Belo Horizonte, tem uma coluna para valores identificados como “NF”, com nota fiscal, e outra para “out”, que seriam os pagamentos por caixa 2 (não declarados à Justiça Eleitoral), no entendimento da Polícia Federal (PF).
Pelo menos 70 candidaturas do PSL têm valores na coluna “out”, entre elas a de Jair Bolsonaro e a de seu ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que concorreu a deputado federal e foi eleito como o mais votado do estado.
Na prestação de contas do PSL de Minas Gerais, que engloba as duas campanhas, os valores das notas fiscais são idênticos aos da coluna “NF” da gráfica, indicando que a planilha é verdadeira.
Para a campanha de Jair Bolsonaro em Minas Gerais, por exemplo, a gráfica registrou 2.000 adesivos “laminados” que custaram um total de R$ 5.750, valor que ficou dividido entre R$ 1.550 em “NF” e R$ 4.200 em “out”.
Na prestação de contas do PSL, as duas notas fiscais para adesivos “laminados” somam apenas R$ 1.550 registrados pela gráfica como “NF”. Os outros R$ 4.200 foram, portanto, pagos por fora.
O ministro do Turismo de Bolsonaro presidiu o PSL de Minas Gerais durante as eleições e montou um esquema para desviar os recursos do fundo eleitoral a partir de candidaturas laranjas.
Álvaro Antônio repassou R$ 279 mil para quatro candidatas que obtiveram, juntas, apenas 2.084 votos. Desse dinheiro, pelo menos R$ 85.000 foram usados em contratos com empresas ligadas a assessores do atual ministro.
Haissander Souza de Paula, que coordenou a campanha de Marcelo Álvaro Antônio no Vale do Rio Doce, disse em depoimento à Polícia Federal que “acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”.
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