A semana já começa com novos episódios dantescos da guerra entre as facções do PSL.
No início da tarde da segunda-feira (21), o bando de Bolsonaro apresentou uma nova lista com 29 assinaturas, sendo que 28 foram validadas, substituindo o líder, Delegado Waldir, pelo deputado Eduardo Bolsonaro.
A Secretaria-Geral da Mesa (SGM) aceitou a lista apresentada pelo líder do governo, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), e confirmou o filho de Bolsonaro como novo líder do PSL. O partido em 53 deputados na bancada. Para indicar o líder é necessário o apoio de metade mais um de membros da bancada.
Pouco antes o deputado Delegado Waldir havia divulgado um vídeo reconhecendo a mudança. “Aceitamos democraticamente a nova lista”, afirmou ele.
No entanto, o próprio Eduardo Bolsonaro não quis falar aos jornalistas na condição de líder porque, no exato momento em que ele falava, chegou a informação que o grupo chefiado por Luciano Bivar, deputado federal e presidente do partido, teria apresentado novamente um outra lista, também com 28 assinaturas, reconduzindo o Delegado Waldir à liderança do partido.
“Existem algumas informações chegando, informações um pouco desencontradas. Então, neste momento, eu não sei se a lista que está valendo é a minha lista, se houve ou não houve qualquer tipo de acordo. Então, eu não posso me posicionar como sendo ou não o líder do partido”, disse Eduardo Bolsonaro. A situação permanece em impasse.
O PSL terá, no próximo ano, somados os fundos partidário e eleitoral, R$ 350 milhões – e isso é a estimativa mínima. Algumas outras vão a bem mais que isso. A briga de Bolsonaro com o PSL é para embolsar esse dinheiro – e colocá-lo aonde lhes aprouver. Por isso, Bolsonaro tentou derrubar o líder do partido na Câmara para colocar no lugar o seu filho, Eduardo Bolsonaro.
A crise foi desencadeada quando, em 8 de outubro, Bolsonaro disse a um apoiador para tirar o nome de Luciano Bivar de um vídeo porque, segundo ele, “esse cara está muito queimado”.
Bivar é acusado de montar um esquema de lavagem de dinheiro através de candidaturas femininas laranjas em Pernambuco. A reação bivarista foi imediata. O partido saiu alardeando que o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também são investigados por lavagem de dinheiro, mas Bolsonaro não os ataca.
Eles passaram a cobrar “onde está Queiroz?” Daí em diante foi só baixaria de lado a lado.
A coisa azedou mesmo entre os dois bandos na segunda-feira (14), com a ação da Polícia Federal de busca e apreensão em endereços de Luciano Bivar, autorizada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE).
O Delegado Waldir denunciou que Bolsonaro estava por trás da ação porque sabia antes que a Polícia Federal faria busca e apreensão nos endereços de Bivar. Em resposta, o líder do partido na Câmara orientou a bancada do PSL a obstruir uma votação de interesse do Planalto.
No dia seguinte o grupo de Jair Bolsonaro apresentou a lista derrubando o Delegado Waldir da liderança e indicando Eduardo Bolsonaro para o cargo.
A facção de Bivar reagiu e protocolou uma outra lista que foi aceita como tendo maioria de deputados e o Delegado Waldir foi mantido na liderança.
A líder do governo na Câmara, deputada Joice Hasselmann, foi afastada quando o grupo palaciano viu o nome dela na lista de apoio a Waldir. A deputada saiu atirando e afirmou que “o grupo que está em torno do presidente Jair Bolsonaro está de olho na bufunfa do partido”.
Durante o último fim de semana foram trocadas agressões, tapas e pontapés, pelas redes sociais, entre Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann.
Os bivaristas dizem que estão reapresentando a lista porque os aliados de Bolsonaro estariam descumprido um acordo de retirada de ambos os nomes, Eduardo e Waldir, para a escolha de um nome de consenso. O grupo palaciano nega o acordo.
Até o fechamento desta matéria, às 17h30, não havia ainda uma definição de quem é o líder de fato do PSL na Câmara.
S. C.
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