“Com esse corte, vão desaparecer 20% das empresas e 100 mil empregos, no mínimo”, afirma José Velloso, presidente da Abimaq
A redução das tarifas de importação de bens industriais por um prazo de quatro anos defendida pelo governo Bolsonaro, gerou forte reação dos empresários brasileiros.
Segundo eles, a medida trará fechamento de fábricas, desemprego e queda no já minguado investimento feito pelo setor.
De acordo com José Velloso, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o corte na tarifas de 14% para 4% do setor será uma pancada forte na indústria. O setor é formado por 51 mil empresas, as quais respondem por 5% do PIB do país e 3% das exportações.
“Com uma abertura unilateral, com esse corte e no prazo de quatro anos, vão desaparecer 20% das empresas e 100 mil empregos, no mínimo”, afirma Velloso.
As informações sobre a proposta de redução da Tarifa Externa Comum (TEC) foram divulgadas pelo Valor Econômico que teve acesso à simulação feita pelo governo e compartilhada com os demais sócios do Mercosul.
Para a indústria têxtil e de vestuário, as alíquotas desabariam de 35% para 12%. “O impacto seria desastroso”, diz Fernando Pimental, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
Segundo Pimentel, quando “essas ameaças” são colocadas, “os investimentos são reduzidos, o que diminui a geração de empregos”.
Para a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), as empresas que já enfrentam a forte concorrência de importados poderão não resistir. De janeiro a setembro, o déficit na balança comercial do setor chegou a US$ 23,8 bilhões, alta de 10,3%. Em 12 meses, o resultado negativo ficou em US$ 31,8 bilhões. Para um dos principais produtos da indústria petroquímica no país, o polipropileno, a alíquota cairia de 14% para 4%.
O presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, avalia que uma abertura unilateral seria particularmente prejudicial ao setor. “A América Latina é a única região que não tem medidas para proteger a indústria siderúrgica local”, diz Marco Polo. “Não podemos colocar as usinas brasileiras para competir no mundo deslealmente”.
Os produtos siderúrgicos deixariam de recolher o imposto de importação por uma alíquota de 10,4% para apenas 3,7%. Máquinas, material e aparelhos elétricos de 12% de alíquota passariam a ser importados por apenas 4,2%.
Para os calçados, as tarifas cairiam de 32% para 12%. A importação de móveis seria liberada com alíquotas de 8,8%, ao invés dos 17,6% atuais.
Sobre automóveis importados as alíquotas despencariam de 35% para 12%. Os ônibus importados passariam a pagar apenas 4% de imposto de importação, que hoje é de 35%.
Essas reduções de alíquotas, entre muitas outras, aumentariam de forma desmedida as importações, ao impor uma concorrência desleal à indústria no país, provocando fechamento de empresas e mais desemprego, como alertam os empresários.
Especialmente as empresas genuinamente nacionais, sujeitas a todo tipo de discrepâncias nas condições operacionais e financeiras frente aos monopólios estrangeiros desejosos de escoar sua produção.
A intenção do Ministério da Economia seria fazer com que os países do Mercosul (Além do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) acompanhassem essa aventura e a redução de tarifas fosse feita por todos.