A 67ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada, na quarta-feira (23), pela Polícia Federal e tem como principal alvo de investigação o pagamento de propinas do Grupo Techint para ex-diretores da Petrobrás. 23 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
Para participar do cartel de empresas, em sua maioria empreiteiras, que monopolizou as obras feitas pela Petrobrás, o Grupo Techint pagava propinas para ex-diretores da Petrobrás, como Renato Duque (diretor de Serviços, do esquema do PT), Fernando Barros e Jorge Zelada (do esquema do MDB).
Obras como as da Refinaria Landulpho Alves, do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, e do Gasduc III, que aconteceram em parceria com Odebrecht e Andrade Gutierrez, estavam envolvidas no esquema criminoso. A soma desses contratos foi de R$ 3,3 bilhões.
O Grupo Techint, que é de origem ítalo-argentina, pagou, entre 2008 e 2013, US$ 12 milhões (R$ 49 milhões) em propina para Renato Duque como contrapartida à contratação da Confab Industrial, que é subsidiária do Grupo, para o fornecimento de tubos. Os contratos entre a Petrobrás e a Confab somaram R$ 3 bilhões.
Os pagamentos da Techint para os diretores da estatal eram feitos através de contas bancárias na Suíça que estavam em nome de offhores. Mais tarde, a propina da Techint passou a ser paga através do operador financeiro de Duque, João Antônio Bernardini Filho.
A Polícia Federal encontrou no departamento de propinas da Odebrecht documentos que comprovam o pagamento, entre 2009 e 2010, de US$ 1,2 milhão para o diretor da Techint no Brasil, Ricardo Ouriques Marques.
A Operação, que foi denominada Tango & Cash, também tenta esclarecer o pagamento de R$ 2,2 milhões da Techint para o também ex-diretor da estatal Jorge Zelada.
A suspeita da PF é de que o pagamento total de propina por parte da Techint foi de R$ 60 milhões, equivalente a 2% no valor de cada contrato.
O Ministério Público Federal (MPF) recebeu a informação, através de cooperação internacional, de que o ex-diretor da Petrobrás Fernando Barros tem US$ 3,25 milhões (R$ 13,3 milhões) em contas na Suíça. O dinheiro foi bloqueado.
Barros recebeu R$ 2,3 milhões em propina por obras na refinaria Getúlio Vargas, em Araucária (PR), de acordo com a empreiteira Camargo Corrêa.