“Impactadas pela fraca atividade econômica do país, que sofre com alto desemprego e a renda achatada”, afirmam lojistas
O número de empresas inadimplentes no país cresceu 4,14% em setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. O desemprego e a renda achatada – que pressionam vendas, prestações de serviços e, por consequência, o faturamento – são apontadas como os motivos para que as empresas não consigam manter seus compromissos financeiros. Os dados são do Indicador de Inadimplência de Pessoas Jurídicas, calculado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
“O faturamento das empresas e a sua capacidade de honrar as contas acabam sendo impactados pela fraca atividade econômica do país, que sofre com alto desemprego e a renda achatada”, afirma José Cesar da Costa, presidente da CNDL. É no ramo da entidade, o comércio, onde há maior dificuldade de saldo de dívidas: quatro em cada dez empresas inadimplentes são estabelecimentos comerciais, ou 44% do total.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o volume de vendas do comércio varejista está, em 2019, 5,6% abaixo do que representava em 2014.
O impacto do desemprego ao qual o presidente da CNDL se refere, também é revelado através de dados do IBGE: desempregados e subempregados já respondem por 24,6% da população economicamente ativa, ou 27,6 milhões de brasileiros. Com esses números, é impossível sustentar o consumo.
O setor de serviços, aquele que tem maior peso na formação do Produto Internto Bruto (PIB) do país, aparece com a segunda maior participação, concentrando 41% do total de empresas negativadas. Pelo lado da indústria, os dados apontam um aumento de 1,53% no número de empresas do setor produtivo que agora devem na praça.
“A crise impactou todos esses setores, principalmente indústria e serviços. Pelos dados do IBGE, nenhum voltou ainda aos patamares que antecedem a crise”, ressalta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
As regiões do país que mais concentram empresas devedoras são exatamente as mais desenvolvidas – como a região sul e o sudeste, onde o avanço da inadimplência em relação ao ano passado foi de 6,37% e 5,56%, respectivamente.
PRISCILA CASALE