25% das famílias estão com dívidas atrasadas
O percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso aumentou de 24,5% para 24,9% em outubro, o maior patamar desde abril de 2018, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados nesta terça-feira (29/10).
Neste período também houve o crescimento do percentual das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas atrasadas, de 9,6% para 10,1% do total, de acordo com a CNC.
Após nove meses seguidos de alta, atingindo recorde histórico no governo Bolsonaro, o percentual de famílias endividadas apresentou em outubro de 2019 um pequeno recuo, alcançando 64,7% do total, que segundo a CNC não traz qualquer alívio. O que houve foi um aumento do comprometimento da renda das famílias com as dívidas. Em setembro, o percentual das famílias que relataram ter algum tipo de dívida estava em 65,1%. Na comparação com outubro de 2018 o percentual de famílias com dívidas apresentou uma alta de 4 pontos percentuais.
As famílias apontam o setor financeiro como o vilão do endividamento.
O cartão de crédito foi apontado em primeiro lugar como um dos principais tipos de dívida por 78,9% das famílias endividadas, seguido por carnês, para 15,5%, e, em terceiro, por financiamento de carro, para 9,5%.
Mesmo com o país em crise, os bancos têm lucrado bilhões todos os anos, através de práticas usurárias, isto é, faturando sobre a desgraça alheia. Juros altos são cobrados de empresas e pessoas físicas, em especial, que frente ao arrocho salarial e o desemprego em alta, acabam sendo obrigados a recorrer a empréstimos, cheque especial, cartão de crédito e operações financeiras, que possam ajudar no pagamento de suas contas e outras despesas do mês.
Segundo dados do Banco Central (BC), divulgados na sexta-feira (25), a taxa média de juros cobrados pelos bancos no cheque especial e no cartão de crédito estão acima de 300% ao ano.
De dezembro de 2018 a setembro deste ano, o juro médio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas cresceu 22,4 pontos percentuais (p.p), atingindo patamar de 307,8% ao ano, em setembro. Já a taxa média do cheque especial avançou de 306,9% em agosto para 307,6% em setembro de 2019.
No caso do parcelado do cartão, os juros médios cobrados passou de 158,9 % ao ano, para 178,3% ao ano, alta de 19,4 p.p na comparação com o mesmo período. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa subiu de 68,5% para 69,7% de agosto para setembro.