A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) aponta juros altos como o maior entrave para a retomada do crescimento da indústria brasileira. Entre agosto e setembro, o faturamento cresceu apenas 0,1%.
Nos últimos cinco anos, investimentos quase não existiram e, por consequência disto, a indústria acumulou um volume de estoque de capital muito baixo. A gerente da Abimaq, Maria Cristina Zanella, defende que para haver uma melhora é preciso “um investimento mais forte, o que não está se configurando ainda neste ano”.
“Hoje, quem depende de capital de terceiros, de capital que é pego junto ao sistema financeiro, está pegando, ainda, de juros ao redor de 18%, 20% ao ano. Então isso inviabiliza ainda um pouco o negócio. A gente passa a concorrer com taxa de juros menores para quem quer investir – por exemplo, se eu quero colocar o dinheiro em títulos públicos ou na produção, a Selic, hoje, torna viável produzir. Mas para quem depende de mercado financeiro para poder alavancar seus negócios, ainda está prejudicado”, afirmou Zanella em entrevista à Jovem Pan.
Mesmo com queda da taxa de juros da economia (Selic) no último período – sendo ainda uma das mais altas do mundo – os bancos, que começaram a captar dinheiro de forma mais barata, não estão repassando custos menores para as empresas que procuram crédito.
Para a pessoa física, por exemplo, a taxa média cobrada pelos bancos é de 51,3%, mais de dez vezes superior à Selic. Já a taxas médias cobradas das empresas é de 17,8%, segundo dados recentes do Banco Central (25).
Em contrapartida, os ganhos dos bancos não param de crescer. No terceiro trimestre, o lucro líquido do banco Santander cresceu 19,2% em relação ao mesmo trimestre de 2018 e 5,8% em relação ao segundo trimestre deste ano. Já o Bradesco registrou que elevou seu lucro líquido em 19,6% no terceiro trimestre deste ano também em comparação com o trimestre do ano passado e alta de 1,2% frente aos três meses anteriores deste ano.
ANTONIO ROSA