Com a praça Rabin, em Tel Aviv, lotada com centenas de milhares de Israelenses, Benny Gantz, vencedor das eleições parlamentares recentes e indicado para formar o no governo israelense, denunciou o incitamento perpetrado por Netanyahu e seus apoiadores como detonadores – há 24 anos – do assassinato de Itzhaq Rabin, após se apresentar na mesma praça, por um fanático judeu, Yigal Amir. Gantz lidera o bloco mais votado nas eleições de setembro.
Logo antes do pronunciamento de Gantz, os telões na praça exibiram o vídeo no qual o ex-primeiro-ministro (co-autor junto com o líder palestino, Yasser Arafat dos acordos de paz de Oslo) em seu último pronunciamento, no qual ele denunciou os que “corroem as raízes da democracia” e acrescentou que os promotores desse ódio “devem ser condenados, denunciados e isolados”.
O vídeo mostrou também o momento a seguir, quando ao terminar estas palavras, junto a israelenses que o acompanhavam no palanque, Rabin entoou “Canção pela Paz”, junto com uma multidão calculada em 500 mil pessoas.
Como recordou Gantz, Instantes depois, ao descer do palanque, Rabin foi assassinado com três tiros a queima roupa contra suas costas.
“Vamos restaurar a esperança, exatamente como Rabin fez”, afirmou Gantz. Dissociando-se da promoção da beligerância que norteou os governos de Netanyahu e outros chefes da direita israelense que o acompanharam nas campanhas de ódio racista, Gantz destacou: “Assim como o saudoso Yitzhaq Rabin, eu e meus amigos na liderança do bloco Azul e Branco, também viemos de postos de liderança no Estado Maior. Comandamos soldados. Conduzimos soldados a vitórias e sucessos nos campos de batalha, mas também acompanhamos as dolorosas jornadas de dor e despedida dos que perderam seus filhos”.
Gantz prosseguiu: “Hoje embarcamos em uma batalha que não produz mortos nem feridos, na qual não há sangue nem angústia. Esta é a única batalha que é um prazer conduzir – a batalha pela paz”. O líder da oposição a Netanyahu também expressou outra divergência com o atual premiê. Enquanto este disse, durante o processo eleitoral, que “os árabes vão nos aniquilar”, no intuito de incitar judeus contra árabes e tentar conquistar votos pescando nestas águas turvas, Gantz – que dias antes se reunira com os líderes árabes israelenses destacados, Ayman Odeh e Ahmad Tibi – declarou, diante da multidão que “os árabes são parte integrante da sociedade israelense”.