
Pouca adesão e desânimo marcaram os atos pró-Bolsonaro realizados neste sábado (09). Os desatinos do presidente, seu arrocho contra toda a população, seu entreguismo desavergonhado, a falta de empregos e a decisão esdrúxula de cortar salários de servidores e exterminar 1.234 municípios parecem ter levado seus apoiadores a se afastarem dos atos.
Algumas centenas de manifestantes se reuniram na manhã de sábado na Avenida Prefeito Mendes de Morais, na orla da Praia de São Conrado, Zona Sul do Rio. Os poucos participantes do ato, em sua maioria trajavam roupas nas cores verde e amarela e empunhavam bandeiras do Brasil.
Eles também gritavam ofensas contra o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, que mora em um prédio localizado na mesma avenida.
Em São Paulo houve divisão. Um grupo ficou em frente à Fiesp, na Avenida Paulista, e outro no Masp. Nos dois havia uma quantidade bem menor de pessoas do que aquela costumava comparecer aos atos de apoio ao governo.
Algumas outras cidades do interior paulista também tiveram alguma movimentação. Campinas, Itapetininga, Jundiaí e Limeira fizeram atos.

Em Belo Horizonte (MG) os manifestantes, vestidos de amarelo, começaram a se concentrar por volta das 15h na Praça da Liberdade. O ato foi pacífico e terminou por volta das 18h30, sem lotar a praça.
Em Brasília (DF), centenas de manifestantes se concentraram em frente ao Congresso Nacional, na Esplanada dos Ministérios por volta das 16h.
Manifestantes se reuniram também no Farol da Barra, em Salvador (BA). A manifestação foi convocada pelo Movimento Brasil Livre (MBL). Os organizadores falam em cerca de vinte as cidade onde houve protestos.
Em Blumenau (SC), no Vale do Itajaí, o protesto começou por volta de 10h30 na Praça Victor Konder, no Centro da cidade. Manifestantes ficaram reunidos até as 12h.

O clima de desânimo tem relação com o fato do manto da luta contra a corrupção, que Bolsonaro ostentava, ter sido desmascarado nos últimos tempos. Parece que os bolsonaristas só olhavam o quintal do vizinho. Assim que vieram à tona as denúncias de lavagem de dinheiro operadas de dentro gabinete de Flávio Bolsonaro, o “mito” desativou o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeira), que havia descoberto as falcatruas do filho do presidente.
Com a desativação do Coaf vieram outras medidas para proteger os crimes da família. Bolsonaro cortou a cabeça do superintendente da Polícia Federal do Rio porque o órgão estava investigando, não só os crimes de Fabrício Queiroz, assessor de Flávio Bolsonaro, como também as ligações do gabinete do filho com as milícias cariocas.
Outro órgão atacado foi a Receita Federal que, obedecendo ordem da Justiça, quebrou o siligo fiscal de Flávio Bolsonaro e de mais outras pessoas envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro de seu gabinete.
Como é que os antigos apoiadores de Bolsonaro, que iam para as ruas em gritarias frenéticas, podem acreditar que o “mito” fala sério quando diz que é contra a corrupção, mas mantém no Ministério do Turismo, agora reforçado com as estruturas da Cultura, um cidadão que foi denunciado pelo Ministério Público de Minas como chefe de uma organização criminosa?
Como esquecer que Bolsonaro manteve um ministro cara de pau que lavou dinheiro durante a campanha utilizando candidaturas laranja, no escândalo que ficou conhecido como o Laranjal de Minas?
Outro fato que deixou os apoiadores de Bolsonaro com a pulga atrás da orelha foi o caso do porteiro de seu condomínio. O fato é que todo mundo quer esclarecer o motivo que o levou a dizer, em depoimentos, que um dos assassinos de Marielle Franco teria pedido para ir na casa do presidente no dia do crime.
Por mais que sejam polêmicos os depoimentos do porteiro, por mais que Bolsonaro não estivesse no Rio naquele dia, tudo está sob um névoa de suspeitas. O próprio presidente desviou provas com a desculpa que estava evitando fraudes.
Além disso, outra coisa que está incomodando seus seguidores é a proximidade dele com Ronnie Lessa, tanto física (são vizinhos), quanto familiares, seu filho mais novo namorou a filha do assassino.
Como se não bastasse isso, a mãe e a mulher de Adriano Nóbrega, chefe do Escritório do Crime, espécie de central de assassinatos, a que Lessa é ligado, trabalhavam no gabinete de seu filho, Flávio. A sociedade aguarda maiores esclarecimentos sobre esses episódios.
O pretexto para as manifestações deste sábado foi a decisão do STF sobre prisão após condenação em segunda instância. Só que, com as medidas de Bolsonaro contra os órgãos de combate a corrupção, a máscara caiu. As manifestações foram esvaziadas porque o governo aplicou um estelionato eleitoral e está deixando seus eleitores paralisados.
A insatisfação da população com a paralisia do governo, mesmo da parcela que votou nele, cresce a cada dia. Inclusive a demagogia com o verde e amarelo também vem se desmoralizando. Bolsonaro e Guedes estão anunciando que querem entregar todas as empresas públicas do nosso país para os estrangeiros. Parecem muito mais americanos do que brasileiros.