O principal destino do 13º salário dos trabalhadores brasileiros será o pagamento de dívidas, informou pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Dos entrevistados, 87% pretendem usar o dinheiro para quitar dívidas contraídas com o cheque especial (45%), cartão de crédito (49%) ou financiamento bancário em atraso (3%).
“Isso demonstra que a redução da atividade econômica, desemprego maior e taxas de juros elevadas aumentaram o endividamento dos consumidores”, disse a Anefac em nota.
A natureza das dívidas, basicamente contraídas com o perverso sistema bancário, se relaciona com as taxas de juros exorbitantes cobradas pelas operações de crédito de pessoa física, especialmente do cartão de crédito e cheque especial. A Anefac, que também acompanha as variações das taxas cobradas pelos bancos, deu conta de que em setembro a taxa chegou a 307,6% ao ano (para o cheque especial) e de 307,8% (para o rotativo do cartão de crédito).
Assim, apenas 5% dos entrevistados disseram que pretendem usar o 13º salário para comprar presentes. Outros 2% dizem que o destino será o pagamento das despesas do começo do ano. Apenas 2% disseram que pretendem poupar uma parte.
Inadimplência
Em outubro, a inadimplência avançou 2,3% em outubro sobre setembro. Os dados, da Serasa-Boa Vista, mostram que são para os bancos que a população mais deve.
“De fato, os dados do Banco Central já indicam um aumento da inadimplência das operações de crédito com recursos livres para pessoas físicas entre janeiro e setembro deste ano, e o indicador de registros da Boa Vista de outubro aponta na mesma direção”. Em relação a outubro do ano passado, o indicador subiu 0,4%.
“Nesse cenário, o elevado desemprego e a também a alta subutilização da mão de obra aumentam o risco de crescimento da inadimplência”, analisa a entidade.