
As manchas de óleo que atingem o litoral nordeste desde agosto chegaram ao sudoeste brasileiro na última quinta-feira (7). A chegada de fragmentos de óleo às praias do Norte do Espírito Santo já preocupa os comerciantes que atuam no litoral.
Desde domingo (10), foi confirmada a presença do óleo que contaminou o Nordeste em ao menos quatro praias capixabas.
Embora o governo federal afirme que as praias continuam próprias para banho, os ambulantes temem a queda das vendas nos próximos dias. “A gente precisa daqui para trabalhar. O verão está chegando e o único meio de a gente ter uma renda é aqui na praia. Se isso acontecer aqui, vamos ficar sem trabalho”, disse a vendedora de empadas Edna Oliveira Coutinho.
Ela atua em Pontal do Ipiranga, em Linhares, onde foram recolhidos fragmentos de óleo neste domingo (10). Assim como o material encontrado também em Barra Nova e Urussuquara, em São Mateus, a substância recolhida vai passar por análises.
Foram recolhidos 400 kg de material nas praias do estado, sendo a maior parte constituída de areia.
Nesta segunda, foram detectados pequenos fragmentos de óleo nas seguintes localidades: Itaúnas e Bugia (Conceição da Barra); mangue de Mariricu, Barra Nova e Urussuquara (São Mateus); e Cacimbas (Linhares). A praia de Guriri (São Mateus) tem indícios leves, com ações de limpeza em andamento. Esses fragmentos ainda passarão por análise.
“Ficamos assustados, porque estamos acostumados a chegar aqui e ver a praia cheia. E hoje tinha pouca gente, o pessoal estava voltando para casa. Se continuar assim, vai ficar ruim para a gente, para ganhar dinheiro. Vai ser muito difícil para nós”, lamentou Antônio Carlos Rodrigues Mota, vendedor de picolé em Pontal do Ipiranga.
Segundo o mais recente balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), divulgado nesta segunda-feira (11), o óleo já atingiu 494 localidades. Há registro de manchas de óleo nos 9 estados do Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe e, agora, no Espírito Santo.
RIOS
A Foz do Rio Mariricu, em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, foi fechada por funcionários da prefeitura na tarde deste sábado (9), após autorização do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema).
O trabalho foi preventivo após o aparecimento de fragmentos na água e também na Praia de Barra Nova, onde o rio deságua. O Riacho Doce, no município de Conceição da Barra, também teve a Foz fechada pelo mesmo motivo. Entretanto, nenhum vestígio de óleo foi encontrado no município até este domingo (10).
Agora, a preocupação é com o rio Cricaré, em São Mateus, que é responsável pelo abastecimento de São Mateus e Conceição da Barra.
“A gente tem que ter uma solução, porque se esse óleo entrar no rio, vai ser pior que a salinização, quando a maré entra no rio e a água fica salinizada. O rio Cricaré é mais largo, não tem como fechar, teria que ver uma outra solução”, explicou o prefeito Daniel Santana.
O Governador do ES, Renato Casagrande concedeu coletiva de imprensa neste domingo (10) para falar sobre a situação do óleo no Espírito Santo. Ele garantiu que o Estado está empenhado e preparado para o caso de quantidades maiores do óleo chegarem ao litoral.
“Esse óleo chegou de forma mais amena quando comparado com outras regiões do Nordeste. Nós nos preparamos com todos os órgãos do Governo Federal, Estadual, Municipal, empresas, sociedade, e estamos retirando óleo do mar, trabalhando de forma planejada. Isso diminui o impacto”, disse.
Casagrande também disse que, apesar da chegada do óleo, a balneabilidade das praias não foi alterada e, por enquanto, não há nenhuma restrição quanto ao uso delas. “Até agora, não tem nenhuma influência no uso das praias”, disse.
O governador ainda declarou que a prioridade é proteger o meio ambiente e, consequentemente, garantir que o turismo do litoral capixaba não seja afetado.
“Nossa primeira preocupação é com meio ambiente. Nós não sabemos a dimensão dos problemas causados. Aquilo que a gente vê, a gente está tirando. O óleo que fica na lâmina d’água superficial. Mas não sabemos ainda o impacto desse óleo embaixo da linha da água. Então nossa primeira preocupação é com a proteção dos estuários, manguezais, das foz de rios. Segunda preocupação é que agente possa transmitir segurança aos moradores e turistas”, disse.