Milhares de pessoas se manifestaram, no domingo, 17, em várias cidades da Grécia, contra o atual governo direitista e para lembrar o 46º aniversário da revolta de estudantes contra a ditadura que governava o país na época, apoiada pelos Estados Unidos. O regime, combatido heroicamente pelo povo grego, terminou no ano seguinte, em 1974.
Em Atenas, desfilaram mais de 20 mil estudantes, trabalhadores e moradores em geral, em memória das dezenas de mortos durante a repressão que o levante estudantil sofreu no Colégio Politécnico da capital. Outras 10 mil pessoas saíram às ruas de Tessalônica, segunda cidade da Grécia, onde houve enfrentamentos com a polícia.
Os manifestantes denunciaram durante estas marchas as medidas de arrocho impostas ao país pelo Fundo Monetário Internacional, FMI, e pela União Européia, EU, durante a crise da dívida.
Nas eleições de julho passado o povo grego pôs fim ao governo de Aléxis Tsipras, que se elegera em 2015 prometendo enfrentar o arrocho da Troika e até encenou um referendo, cujo rotundo “não” dado por 62% dos votantes foi imediatamente traído, com adesão instantânea ao austericídio, depois da ameaça do então ministro das Finanças alemão de expulsar a Grécia do euro. Tsipras governou com a mais pura cartilha neoliberal e não foi surpresa perder as eleições, permitindo que voltasse ao poder a Nova Democracia (ND) – velha direita grega -, e assim o ex-banqueiro Kyriakos Mitsotakis tomou posse como primeiro-ministro.
Por isso, este ano o clima é particularmente tenso quando, menos de um mês depois de assumir, Mitsotakis aboliu a lei de “asilo universitário”.
Herdada da rebelião estudantil de 17 de novembro de 1973, esta lei, que proibia a entrada da polícia a um recinto universitário, era sinônimo do retorno da Grécia à democracia.
A abolição dessa lei que fere a autonomia universitária, conquistada por anos de luta estudantil, tem suscitado várias manifestações de protesto. O ato deste domingo condenou a votação, ocorrida na quinta-feira passada no parlamento grego, acerca do endurecimento das penas de cárcere para a violência urbana, sem definir a que isso se refere. Os estudantes interpretam que abre espaço a mais formas de repressão contra as manifestações.
“Abaixo o governo de direita”, “Abaixo a privatização da Grécia”, diziam algumas das faixas levadas pelos manifestantes. Pelo menos uma bandeira dos Estados Unidos e outra da União Européia foram queimadas, em momentos de enfrentamento com as forças de segurança.
Também houve cartazes contra o ataque às leis trabalhistas e educativas por parte do atual governo, além de palavras de ordem contra o presidente dos EUA, Donald Trump.
Tsipras, fazendo de conta que ele não teve nada a ver com a situação em que o país está, participou da marcha. Vestido em uma jaqueta de couro e jeans, Tsipras deu os braços a outros membros do movimento Syriza, o qual integra, durante a passeata.
Na segunda-feira, 18, cerca de 200 estudantes que se manifestavam na Universidade de Economia de Atenas foram cercados pelas forças policiais, que usaram gases lacrimogêneos e prenderam duas pessoas.
Todos os lugares do mundo, que aceitam dialogar com o FMI – Fundo Monetario Internacional -, têm a economia dependente e jamais conseguem a estabilidade. O que ocorre sempre nestes lugares que dialogam com o FMI, sempre foram dificuldades no campo social e na economia. O melhor seria romper com o FMI, estatizar os bancos privados e reduzir os juros, investindo na ajuda aos menos favorecidos. Romper a dependência, com o FMI, seria melhor.