
Repetindo o mantra bolsonarista de que os trabalhadores brasileiros têm muitos direitos, e que o que é difícil mesmo no nosso país é ser patrão, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, reclamou da recente condenação pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) à montadora Honda por gritantes violações de leis trabalhistas em sua unidade de Sumaré, no interior paulista.
O deputado publicou no Twitter, referindo-se à multa de R$ 66 milhões cobrada da multinacional japonesa que, “pelo jeito, a Justiça do Trabalho quer acabar com os empregos”.
Em seu Twitter, Rodrigo Maia ainda usa levianamente duas expressões usadas em determinado trecho da sentença – “rápida análise” e “probabilidade” -, para desmerecer o conteúdo da ação que, segundo o MPT, foi elaborada com base em “provas documentais, laudos periciais produzidos por instituições como Fundacentro, Gerência Regional do Trabalho (GRT) de Campinas, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Campinas e de peritos do próprio MPT, além de inúmeros depoimentos”.
A montadora foi acionada por, entre outras irregularidades, submeter seus funcionários a “ritmo frenético, intenso e muito acelerado de trabalho”, constatação de “vida útil curta” dos funcionários da linha de produção, ausência de notificação por parte da empresa em casos de lesões e acidentes de trabalho, condutas inadequadas contra os trabalhadores da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), dificultando suas funções, e prática de assédio contra trabalhadores já adoecidos para que eles realizem seu trabalho conforme suas condições de saúde.
O MPT informa que 82% dos trabalhadores demitidos pela Honda, entre 2006 e 2016, estiveram afastados por algum problema de saúde, índice que reforça não apenas a prática negligente da empresa em relação à saúde física e mental dos funcionários, mas o entendimento de que as demissões foram realizadas por motivos discriminatórios. E tuitando, o presidente da Câmara ainda questiona: “Saúde em risco? Mais ou menos”.