Milhares de pessoas se manifestam na sexta-feira (29), em simultâneo nas principais cidades do Peru, para protestar contra o indulto que o presidente Pedro Pablo Kuczynski deu ao antigo presidente Alberto Fujimori, em troca de conseguir os votos suficientes no Congresso para evitar o impeachment.
Com a consigna “O perdão é um insulto”, a população peruana expressa sua indignação pela decisão de Kuczynski, quando Fujimori ainda tinha mais de metade da sua pena de prisão de 25 anos por cumprir.
Alberto Fujimori, que esteve no governo do Peru de 1990 a 2000, cumpre desde 2007 uma pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade.
Os manifestantes exigem que o ex-presidente cumpra a totalidade da pena, alegando que o perdão se trata de um pacto político ilegítimo para que Kuczynski possa continuar a governar em troca da liberdade de Fujimori. O atual presidente libertou Fujimori apenas três dias depois de evitar ser destituído pelo Congresso, no âmbito do escândalo de corrupção da empresa brasileira Odebrecht, devido à abstenção de um setor liderado por Kenji Fujimori, filho do antigo presidente.
Kuczynski era acusado de ter recebido US$ 4,8 milhões de dólares em propina da construtora Odebrecht, através de duas empresas de sua propriedade, quando era ministro da Economia do presidente Alejandro Toledo (2001-2006). Toledo está foragido e também foi denunciado por ter recebido suborno de US$ 20 milhões da empreiteira na construção da rodovia Interoceânica que liga o Brasil ao litoral do Perú. Leia mais sobre a Odebrecht no Peru e sobre a trama do PT-Lula & Odebrecht para a criação de uma rede de propinas em nove países na América Latina neste link: http://horadopovo.org.br/pt-odebrecht-o-padrao-propina-na-america-latina/
Kuczynski, o propinado da Odebrecht, usou o pretexto de que concedeu perdão a Alberto Fujimori por razão humanitária, já que o presidiário estaria com uma doença, degenerativa e incurável”. Os oposicionistas peruanos que foram torturados e mortos a mando do ex-presidente não tiveram chance alguma de sobreviver. Não é à toa que Kuczynski teve que comprometer-se a não soltar o ex-ditador durante sua campanha eleitoral.
S. SANTOS