O deputado federal Orlando Silva, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PCdoB, afirmou que “o governo Bolsonaro é um drama para as famílias brasileiras”.
Em discurso feito durante a 19ª Conferência Estadual do PCdoB de São Paulo, realizada no sábado (23), Orlando Silva, que é o único pré-candidato negro à Prefeitura da cidade, avaliou que as eleições de 2020 devem “ser uma grande derrota para os candidatos do Bolsonaro”.
“Precisamos derrotar politicamente esse projeto e abrir espaço para um novo. Frente ampla é a bandeira para a situação política de hoje”, disse.
“Todos os brasileiros que têm fé e confiança na democracia, que acreditam que através da democracia nós conseguiremos estabelecer um projeto para nosso país, devem estar do nosso lado”, enfatizou o deputado, muito aplaudido.
“Na eleição, a pauta mínima entre os aliados é derrotar o candidato do Bolsonaro. Isso quer dizer que está todo mundo junto? Não necessariamente, mas precisamos construir um campo de diálogo de forças que defendem a democracia preparando o enfrentamento e a derrota dos candidatos do Bolsonaro”.
O PCdoB “tem que ser uma força política que no meio da confusão coloca no centro não o interesse partidista, mas o da nação brasileira, não a vontade de uma liderança, mas a do direito de um trabalhador, não coloca no centro um projeto eleitoral, mas a defesa da democracia para que possamos viver tempos melhores”, continuou.
Segundo Orlando, o partido deve fazer sua “lição de casa” e “parar de pensar no PT”. “O PT já resolveu todos os problemas da humanidade, vai ter candidatos próprios em todo o lugar”, disse.
Para Orlando, “Bolsonaro virou o ‘Exterminador do Futuro’, assim como foi o Arnold Schwazenegger. Isso por conta do seu falso nacionalismo, sendo ele o presidente mais entreguista da história do país. Talvez o maior símbolo disso seja a entrega desavergonhada da Embraer à Boeing. Acaba aí o nacionalismo de Bolsonaro”.
“A Embraer é um dos maiores orgulhos da história do país, produzindo sempre tecnologia de ponta. Nós devemos nos unir como nação para defendê-la”, convocou.
Ao invés de Bolsonaro, “os nacionalistas somos nós, que amamos o Brasil e temos convicção de que iremos defender a nação brasileira. A bandeira, o hino, esses são símbolos nossos, dos nacionalistas”, afirmou o pré-candidato.
ECONOMIA
“Com essa política ultraliberal, eles vieram para agravar a crise em nosso país. Não é à toa, que a expectativa do próprio mercado financeiro sobre o crescimento do país diminui toda semana. O país não vai crescer com essa receita, não há na história país que saiu da crise sem intervenção do Estado no sentido de gerar empregos e demandar de suas indústrias. Não tem como. Não tem como crescer com o país sem modernizar, sem investir nas pessoas”, argumentou Orlando.
“Esses cortes de direitos e das aposentadorias são puro veneno para nossa economia, estão tirando dos velhinhos um dinheiro que vai direto para a economia”, disse.
“O que importa é que a economia gire, que nosso crescimento aconteça e nosso povo pare de passar fome. Enquanto nenhum esforço é feito pelo governo para que isso ocorra, é o contrário que toma conta. Dia após dia, o país fica mais pobre”, assinalou.
“Essa política econômica do Guedes só nos traz miséria. A mesma coisa com a reforma trabalhista e com a da Previdência. Falaram que a primeira ia trazer empregos, mas isso nunca ninguém viu”, analisou.
“Com a reforma da Previdência aprovada, não vai melhorar nada, é a mesma balela de antes. Falam que o Estado vai explodir, mas por conta dos 2,5 mil reais que pagam para os professores, mas nunca por conta do pagamento de metade da receita da União em juros para bancos”, disse o deputado federal.
“O governo Bolsonaro é, então, um drama para nosso povo. Há pouco tempo inventaram de taxar o seguro desemprego. É contra isso que devemos nos levantar”.
Orlando Silva avaliou também que nos últimos anos “houve uma perda relativa no peso da indústria de transformação no país. Isso tem resultados no futuro do nosso país. Uma nação precisa ter sua capacidade industrial elevada”.
“Nós vivemos em um país extrativista, do agronegócio. É claro que a extração, como a de petróleo do pré-sal, tem seu valor. Mas com a extração, mas sem o processamento sem transformação, você fica sem desenvolvimento, já que não produz riqueza”.
“A riqueza produzida pela transformação fica hoje com os países poderosos, e o Brasil está cada vez mais perdendo terreno, principalmente na questão tecnológica”, disse.
“Para esse desenvolvimento autônomo, também precisamos que nossos operários sejam estudados, tenham universidade e recebam bons salários”, concluiu.
Rovilson Britto foi eleito o novo presidente, encabeçando a nova direção do PCdoB do estado de São Paulo.
O evento foi encerrado com o canto do Hino à Negritude, de autoria do poeta e escritor Professor Eduardo de Oliveira, fundador do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB).