O ator Leonardo DiCaprio rebateu as acusações de Jair Bolsonaro de que ele teria responsabilidade pelo aumento dos incêndios na Amazônia.
Segundo Bolsonaro, o ator “é responsável por tacar fogo na Amazônia”. “O Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é? Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia”, disse ele a apoiadores na sexta-feria (29), na saída do Palácio do Alvorada. Bolsonaro não apresentou nenhuma prova do que afirmou.
O artista e ambientalista divulgou uma nota na manhã de sábado (30) negando ter apoiado as ONGs Saúde e Alegria e Instituto Aquífero do Alter do Chão, no Pará. No comunicado, o ator afirmou que, “apesar de merecerem o apoio (econômico)” , não financiou as ONGs.
A acusação veio logo depois da farsa montada por integrantes da Polícia Civil do Pará, que promoveu a prisão dos quatro brigadistas contra incêndios ligados a uma ONG em Alter do Chão, no Pará.
Segundo Bolsonaro, DiCaprio teria financiado as ONGs “Saúde e Alegria” e “Instituto Aquífero do Alter do Chão”, às quais os brigadistas seriam ligados.
A milícia bolsonarista e parlamentares ligados ao Planalto saíram repercutindo o inquérito da Polícia Civil do Pará como uma comprovação do que vinha fazendo Bolsonaro em sua tentativa de responsabilizar ONGs pelas queimadas na Amazônia.
As queimadas tiveram um crescimento avassalador, não por ação das ONGs, mas sim pelo fato de Bolsonaro ter desmontado os órgãos de fiscalização, ameaçado funcionários desses órgãos que punissem os criminosos e estimulado pessoalmente madeireiros, grileiros e garimpeiros ilegais na região.
Grileiros ilegais agem na região de Alter do Chão, no Pará, inclusive promovendo queimadas em áreas de preservação ambiental porque há uma forte pressão de empresas que querem se estabelecer na região. Seu objetivo é a exploração comercial de uma área turística muito cobiçada.
Como o ator norte-americano apoia entidades que defendem a preservação ambiental em todo o mundo, inclusive na Amazônia, Bolsonaro decidiu atacá-lo. Só que farsa de Alter do Chão foi totalmente desmascarada.
O delegado responsável pelas prisões arbitrárias foi afastado e os quatro brigadistas foram libertados por ordem da justiça. Bolsonaro, que havia aproveitado a farsa para atacar as ONGs e DiCaprio, ficou literalmente com a brocha na mão.
O delegado José Humberto de Melo Jr, que foi destituído pelo governador do Pará da chefia do inquérito dos brigadistas, afirmou que os brigadistas se beneficiaram financeiramente da venda de fotos de um incêndio florestal supostamente iniciado pelas próprias ONGs ao WWF-Brasil, que, através das imagens, teriam recebido uma doação de US$ 500 mil de DiCaprio.
Confira a íntegra da nota de DiCaprio:
“Em tempos de crise para a Amazônia, eu apoio as pessoas do Brasil que estão trabalhando para salvar sua herança natural e cultural. Eles são um exemplo incrível, inspirador e humilde da paixão e do comprometimento necessários para salvar o meio ambiente.
O futuro destes ecossistemas insubstituíveis está em jogo e tenho orgulho de estar ao lado dos grupos que os protegem. Apesar de merecerem apoio, nós não financiamos as ONGs citadas.
Continuo comprometido em apoiar as comunidades indígenas brasileiras, governos locais, cientistas, educadores e o público em geral que trabalham incansavelmente para proteger a Amazônia pelo futuro de todos os brasileiros.
Ator e ambientalista”