“O que impressiona é que a oposição não foca em cima do Paulo Guedes, foca em cima do Moro, que é um debiloide”
O professor Luis Pinguelli Rosa, da Coppe/UFRJ, e ex-diretor da Eletrobrás, e o professor Ildo Sauer, do Instituto de Energia da USP e ex-diretor da Petrobrás, estiveram na quinta-feira (28) em Porto Alegre para participar do seminário “As privatizações no setor Energético: Suas Consequências para o País”. O evento ocorreu no auditório da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Nesta primeira reportagem do seminário trazemos os principais trechos da palestra proferida pelo professor Pinguelli Rosa. Em seguida, publicaremos a palestra do professor Ildo Sauer.
“O grande problema das privatizações é político”, disse o professor Pinguelli Rosa, ao abrir sua fala no seminário. “A privatização da Eletrobrás é justificada pelos jornalistas econômicos de todos os jornais como uma necessidade para a eficiência econômica”, destacou.
“Isso é uma imbecilidade. Se vocês pegarem a performance da Eletrobrás no presente, ela deu um resultado positivo, em 2018, na ordem de 16 bilhões de reais, aproximadamente. No primeiro trimestre de 2019 já alcança mais do que a metade disso, então, o resultado positivo tende a ser melhor”, observou Pinguelli.
“A privatização vai ser feita de uma maneira enrolada. Eles vão vender ações, de maneira que o governo federal perca o controle da Eletrobrás. No fundo o que se está fazendo é a venda do controle. O Estado brasileiro continuará a ter um pouco menos de 50% das ações. Vai vender uma parte das ações. O valor que se espera obter é de 20 bilhões de reais. Ou seja, o resultado de um ano, aproximadamente”, explicou.
“É o melhor negócio do mundo. Melhor que isso só as milícias do Bolsonaro ou o tráfico de drogas”, denunciou o especialista.
OPOSIÇÃO PRECISA BARRAR O PROCESSO
Ele chamou a atenção para a falta de uma oposição mais firme contra as medidas tomadas por Paulo Guedes. “Vendem pedaços da Petrobrás, já vendeu a BR. A BR é a caixa da Petrobrás. A gente compra o combustível a vista no posto. É um fluxo permanente de dinheiro”, apontou.
“Quase não se ouviu falar dessa venda. Os economistas dos jornais, aqueles idiotas, dizem que foi um grande negócio. A venda do gasoduto, que agora a Petrobrás tem que pagar para usar, é outro escândalo. Ele serve para a Petrobrás escoar o gás que ela produz ou importa da Bolívia. A Petrobrás vendeu os gasodutos e agora simplesmente vai ter que pagar para usar”, denunciou o professor da Coppe.
“Eles fazem uma bolação contra o povo brasileiro e nós ficamos ocupados”, destacou Pinguelli. “O Bolsonaro é um palhaço, as besteiras que ele fala não podem ser casuais, é para distrair. Todo mundo fica discutindo as idiotices do Bolsonaro. De que vai botar Argentina para fora da América do Sul e outros absurdos. Enquanto isso Guedes vai agindo”, diz ele.
“Dentro dos ministros dele, há os que são piores. O de relações exteriores é um débil mental. Ele chegou a ir para a fronteira da Venezuela para invadir a Venezuela. Graças a Deus que os militares não deixaram”, ironizou o professor.
“O ministro da Educação não fica muito atrás. É um outro imbecil que não sabe escrever. É outro palhaço. Tem o Ministro Moro que é para proteger o filho do presidente. A função dele é essa, proteger os filhos. Não faz outra coisa”, afirmou.
A PETROBRÁS JÁ ESTÁ DESPEDAÇADA
“Não cabe uma avaliação caso a caso, mas enquanto isso, o setor energético vai de roldão”, denunciou. “A Petrobrás já está despedaçada. Eles vão vender as refinarias”, disse o especialista.
“Agora, o que impressiona é que a oposição não foca em cima do Paulo Guedes, foca em cima do Moro, que é um debilóide. Que que interessa o Moro? Claro, prende o Lula, solta o Lula…mas a nossa situação é terrível”, observou.
“O fato é que o governo está fazendo maldades com as pessoas, como tirar do acidente de trabalho os que se acidentam no trajeto do trabalho, taxar desempregado, etc. Isso é um absurdo”, afirmou.
“Essas ideias não são do estúpido do Bolsonaro, são do mau caráter do Paulo Guedes, que é um filhote do Pinochet. Ele se fez lá na carreira dele servindo ao governo Pinochet. Aquele que o Bolsonaro elogiou, atacando a Michelle Bachellet. Ele disse que o ditador chileno foi uma maravilha, que impediu que o Chile virasse Cuba, e, logo em seguida, o Chile entrou nessa convulsão social de agora”, prosseguiu o professor da UFRJ.
Ele comparou o comportamento de parte da oposição ao que aconteceu na tomada da França pelos nazistas.
“Um dos maiores vexames nacionais. Os franceses tinham o melhor exército do mundo que não lutou. Houve ali uma cumplicidade dos generais na expectativa de que a Alemanha fosse se voltar contra a URSS”, lembrou.
“Mas”, prosseguiu Pinguelli, “Stalin, espertamente, fez um tratado de não agressão com a Alemanha, que ele sabia que valeria até Hitler resolver invadir. Mas, enquanto isso, ele se preparou. Ele produziu armamentos, treinou os sodados e virou o jogo em Stalingrado”.
NÃO CHEGAMOS A HITLER, MAS HÁ TENDÊNCIAS
“Nós não chegamos a ter um Hitler aqui, mas há tendências. Não é exclusivamente do Bolsonaro. O Bolsonaro é um grande palhaço. Só falta botar nariz de palhaço e chapéu de palhaço. Tudo o que ele faz é palhaçada, mas Paulo Guedes não. Paulo Guedes está vendendo as refinarias, está vendendo os gasodutos, está trabalhando um projeto de lei que pretende privatizar a Eletrobrás. Isso é irreversível”, alertou Pinguelli Rosa, que acrescentou: “E a resistência a isso pela esquerda é pífia. A posição dos parlamentares de esquerda contra esse status é pífia”.
“A gente ainda pode falar, por enquanto. Porque o Paulo Guedes falou que, se precisar, vai baixar um novo AI-5. O AI-5 era uma coisa horrível. O que é o AI-5? Fechar o Congresso, estabelecer a censura, que ainda não tem. O próprio Paulo Guedes está falando em AI-5, e ele falou em Washington, que é a matriz. É lá que se decidem as coisas”, denunciou.
“O Bolsonaro e os ministros são palhaços, mas o que o Paulo Guedes está fazendo continuará. E não é a esquerda que vai ter a coragem de reverter isso, como não reverteu o estrago do FHC”, assinalou o professor da UFRJ.
SÉRGIO CRUZ
Bolsonaro: governo bom pra B.O ou seja bom para otário.