O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) protocolou na Câmara dos Deputados um requerimento para que a Casa acompanhe as investigações sobre a morte de nove jovens durante ação da Polícia Militar no baile funk em Paraisópolis.
Para o deputado, “é inaceitável que parcelas das forças de segurança causem a morte de adolescentes. O governo de SP precisa agir com rigor e o Legislativo deve acompanhar”.
Na madrugada do dia 1, a polícia dispersou o baile e encurralou os jovens em vielas. Com o tumulto, nove morreram pisoteados e 12 ficaram feridos. De acordo com a PM, eles estavam perseguindo dois criminosos, que se esconderam na multidão. Testemunhas contestam.
Vídeos mostram os policiais encurralando os jovens em vielas e, mais tarde, batendo com um pedaço de pau e rindo.
“Este fato é muito grave e exige o acompanhamento de uma casa legislativa. O parlamento tem a obrigação de acompanhar o processo de apuração e investigação do caso de Paraisópolis”, argumentou Orlando em seu requerimento.
O pedido é para a criação de uma Comissão Externa “para realizar o acompanhamento do procedimento de apuração e investigação da ação policial no baile funk de Paraisópolis, no dia 1 de dezembro, que resultou na morte de nove jovens”.
“Ações assassinas assim têm sido cada vez mais frequentes. É um massacre, genocídio contra a juventude pobre e negra. O Estado só aparece com a ponta do fuzil. Imaginem o que pode acontecer se a excludente de ilicitude passar? Não à licença para matar!”, publicou em seu Twitter.
O excludente de ilicitude, promessa de campanha de Jair Bolsonaro, isenta de pena os militares que cometam crimes – inclusive assassinatos – durante operações. A medida estava no pacote do Moro, mas não passou. Agora, Bolsonaro tenta aprovar com que em ações de Garantia de Lei e de Ordem (GLO), operações que acontecem sob ordem da Presidência, a matança esteja liberada.
SOCORRO FOI IMPEDIDO
Testemunhas alegam que os policiais não permitiam com que os feridos fossem socorridos. De acordo com reportagem do portal G1, a irmã de Dennys Guilherme Franca, 16 anos, que foi um dos nove que morreu, relatou que um amigo tentou ajudá-lo.
“Ele caiu e um amigo foi socorrer e o policial falou ‘pode deixar que a gente cuida dele’”.
Um pedido por socorro foi feito às 4h18 ao Samu. Apesar do pedido ter sido registrado como de alta prioridade, o atendimento foi transferido de ambulância duas vezes.
Quase 30 minutos depois, ainda sem nenhuma ambulância aparecer no local, um soldado do Corpo de Bombeiros chamado Julio alegou que as vítimas já estavam sendo socorridas pela PM e ordenou que o chamado fosse cancelado.
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