O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou na quinta-feira (5/11), em um jantar promovido pela Platinum Investimentos para “investidores”, que a privatização da “Eletrobrás será prioridade do BNDES”, assim que for aprovada no Congresso. Montezano citou ainda que venda dos Correios é a privatização mais relevante que está sendo encaminhada pelo banco.
“Só tratamos como prioridade uma vez que a privatização está aprovada. A Eletrobrás é uma futura prioridade nossa, mas ainda não está aprovada no Congresso. Das operações que já estão incluídas no Programa Nacional de Desestatização, temos como destaque os Correios, que é uma operação enorme, CBTU, Trensurb (ambas do setor ferroviário), as duas Ceagesp, de Minas e São Paulo. Essas cinco são as mais relevantes hoje”, afirmou Montezano.
Segundo Montezano, o BNDES encaminhará nos próximos meses o processo de privatização das empresas estaduais de energia, Companhia Energética de Brasília (CEB), Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) e da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) no Rio Grande do Sul.
Desde que assumiu o cargo de presidente no banco de fomento, Montezano trata o BNDES como um balcão de feira no horário da “xepa”.
O amigo dos filhos de Bolsonaro, conhecido como arrombador de condomínio, está também reduzindo os desembolsos feitos pelo banco ao setor produtivo brasileiro, ação essa que tem contribuído para manter a economia no fundo do poço e travar os investimentos da indústria e a geração de empregos.
No acumulado de janeiro a setembro, o valor do crédito cedido pelo banco foi de R$ 38,012 bilhões, uma queda de 13% em relação aos R$ 43,569 bilhões do mesmo período de 2018.
Nesses noves meses, três dos quatro grandes setores apoiados em financiamentos do BNDES apresentaram recuo nas liberações de empréstimo: Indústria (-22%), Comércio e Serviços (-51%). O único segmento que apresentou alta neste período foi a Agropecuária, com liberações de R$ 10,198 bilhões e alta de 9% no mesmo período de comparação. Setor que o governo Bolsonaro vê como prioritário.
A tentativa de Bolsonaro de privatizar a Eletrobrás já encontra barreiras no Congresso Nacional. De acordo com o deputado Danilo Cabral (PSB-PE), um dos coordenadores da Frente Parlamentar em Defesa da Eletrobrás, “não é uma matéria fria para o cidadão comum. Do ponto de vista dos atores econômicos, o setor produtivo demonstra preocupação. E existe resistência em parte expressiva dos Estados”, disse Cabral. Segundo ele, 230 parlamentares compõem a frente.
Para o deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ), “privatizar as estatais é uma perda para o Estado, representa precarização do trabalho, queda na qualidade do serviço e mais desemprego”.
“Já está comprovado que, quanto maior foi o desmonte do estado desde o período Collor/Itamar, continuado em velocidade muito maior no governo atual, menos a economia andou. A tragédia está aí: desemprego galopante, informalidade absorvendo parcela da mão de obra, desigualdade cada vez maior, extrema pobreza”, declarou Paulo Ramos em debate sobre as privatizações, realizado no plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) em novembro.