O empresário Paulo Marinho, que cedeu sua casa no Rio para servir de estúdio onde Bolsonaro gravava lives de todos os tipos duranta a campanha eleitoral de 2018, afirmou na CPI das Fake News que o vereador licenciado Carlos Bolsonaro frequentava a casa e “é uma pessoa perturbada”.
“Acho que precisaria ressuscitar o doutor [Sigmund] Freud, lá em Viena, trazê-lo pra cá, fazer um trabalho intensivo com o Dr. Carlos, para entender a psique dele. Acho que ele é uma pessoa perturbada”, afirmou.
A presença de Marinho na CPI tem a ver com as investigações que estão sendo feitas sobre os disparos massivos de Fake News, ou notícias mentirosas, a maioria delas atacando e denegrindo adversários, feitas pela milícia digital da campanha de Bolsonaro.
Há indícios fortes de que foram utilizados grandes quantias para alimentar esse esquema e que muito pouco disso passou pelos canais de controle da Justiça Eleitoral.
No depoimento da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo no Congresso, confirmou à CPI que Bolsonaro gastava muito dinheiro com a criação e o compartilhamento de notícias falsas na internet, e que, no governo, foram destinados R$ 500 mil por ano para membros de uma sala que ela chamou de “gabinete do ódio”.
O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA) indagou sobre a responsabilidade de Marinho nessas atividades. Ele negou que tenha participado ou visto acontecer esse tipo de atividade durante a campanha. Marinho chegou à comissão acompanhado do ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno
Quando questionado sobre uma declaração que deu à Globo News, na qual afirmou que foram enviadas Fake News direto da sua casa, ele disse que “chegava um meme do capitão [Jair Bolsonaro], de óculos escuros, arminha na mão, eu repassava para a minha rede de Whatsapp que tinha 15 pessoas. Não tinha nenhuma consequência ali. Me atribuíram coisas que jamais aconteceram na minha residência”, disse o empresário, acrescentando que foi mal compreendido.
Sem citar diretamente o nome de Carlos, o empresário declarou que sabia da existência de um grupo radical pró-Bolsonaro. Esses seriam os grupos que faziam parte da rede criminosa que espalhava as notícias falsas pela internet. “Esses grupos de direita radical existem. Eles entendem que ou você está a favor do presidente Jair Bolsonaro ou está contra o Brasil. Para eles, não há nenhuma outra alternativa. É um pequeno grupo que se beneficia da falta do que fazer para isso. Um bando de desocupados que ficam colocando ali suas frustrações pessoais para xingar os outros na internet”, contou durante a audiência.
Marinho explicou que sua casa serviu para a criação de conteúdo para a internet, mas insistiu que não eram Fake News.
“Essa expressão que vossa excelência usou há pouco, que minha casa era um QG (quartel-general), essa expressão foi cunhada pela imprensa, que transformou minha residência em um QG. Existiam outros lugares em que se fazia a campanha. O que transcorria era exclusivamente a gestão da área de comunicação, que envolvia a rede social do PSL e os programas de rádio e televisão”, disse.