A atriz norte-americana, Jane Fonda, uma das personalidades mais importantes de Hollywood, dona de dois prêmios Oscar como atriz principal, em “Klute – O passado Condena” e “Amargo Regresso”, este último uma denúncia contundente da Guerra do Vietnam, criticou a acusação de Jair Bolsonaro de que os incêndios na Amazônia tenham sido provocados pelo ator Leonardo DiCaprio. “É patético. É risível. É uma piada”, disse a atriz.
Ela também denunciou a farsa montada por setores bolsonaristas contra ONGs ambientalistas em Alter do Chão, no Pará.
“Respeito a coragem e o sacrifício dos brigadistas que foram injustamente presos, recentemente. Calá-los é como tentar coibir a imprensa livre. Mas vocês vão superar isso. Assim como nós, americanos, conseguiremos superar esse período com Donald Trump”, assinalou a veterana combatente contra as guerras de rapina e a agressão dos monopólios econômicos ao meio ambiente.
Ela se referiu à armação que levou à prisão arbitrária de quatro ambientalistas acusados falsamente por grileiros bolsonaristas infiltrados na polícia de incentivar as queimadas.
Assim que assumiu governo, Jair Bolsonaro sinalizou para sua bases que os desmatamentos seriam incentivados. Iniciou um processo de desmonte dos órgãos de fiscalização contra danos ao meio ambiente.
Demitiu o presidente do Inpe, Ricardo Galvão, cientista renomado, por este ter divulgado dados oficiais mostrando um crescimento alarmante das áreas de desmatamento na Amazônia, saiu em defesa de criminosos, desautorizando fiscais do Ibama de destruir equipamentos usados por quadrilhas de desmatadores e nomeou para ministro do setor Ricardo Sales, réu por crimes ambientais em São Paulo e investigado por suspeita de enriquecimento ilícito.
No final de novembro, Alter do Chão, uma região altamente cobiçada pelos desmatadores e grileiros no Pará, todos incentivados por Bolsonaro, e participantes do criminoso “dia do fogo”, data marcada para tocar fogo na mata, viveu uma situação inusitada.
Um delegado da polícia civil pediu ao juiz Alexandre Rizzi a prisão preventiva de João Victor Pereira Romano, Daniel Gutierrez Govino, Marcelo Aron Cwerner (diretor, vice e tesoureiro da ONG Aquífero Alter do Chão) e Gustavo de Almeira Fernandes (diretor de logística da ONG Saúde e Alegria).
Todos se dedicavam a apagar incêndios na mata amazônica. São membros da Brigada de Incêndio Florestal de Alter do Chão, que atua, com os bombeiros, no combate ao fogo na floresta.
Entretanto, a acusação do delegado foi a de que eles ateavam incêndios para obter dinheiro no exterior; em suma, segundo disse a polícia civil ao juiz, eles apagavam os incêndios que eles mesmos ateavam.
Imediatamente Bolsonaro saiu em campo para dizer que a prisão dos quatro brigadistas comprovava o que ele vinha dizendo sobre as ONGs.
“A casa caiu”, disse ele.
“O que eles fizeram? O que é mais fácil? Tacar fogo no mato. Tira foto, filma, manda para a ONG, a ONG divulga aquilo, faz uma campanha contra o Brasil, entra em contato com o Leonardo DiCaprio e então o Leonardo DiCaprio, doa 500 mil dólares para essa ONG. Uma parte foi para o pessoal que estava tacando fogo. Ô, Dicaprio, você está colaborando para a queimada na Amazônia, pô. Assim não dá. Me acusaram de ser conivente com as queimadas. Eu falei que suspeitava de ONGs. Pronto. A imprensa, três, quatro dias, comendo meu fígado”, afirmou Bolsonaro.
No entanto, a farsa foi desmascarada em poucos dias. O inquérito e as prisões arbitrárias foram denunciadas. Tudo tinha sido arquitetado para enfraquecer a luta dos ambientalistas e da sociedade contra os crimes ambientais. Fazia parta da ofensiva bolsonarista contra as florestas.
As prisões serviriam para reforçar as acusações de Bolsonaro de que as ONGs ambientalistas são responsáveis pelos incêndios nas florestas.
Bolsonaristas da PM do Pará se prestaram a armar a operação farsesca para desviar a atenção contra os verdadeiros desmatadores. O governador do Pará interveio e afastou o delegado responsável pela operação.
Mesmo desmascarado, Bolsonaro seguiu atacando os defensores do meio ambiente, entre eles figuras como o ator Leonardo DiCaprio e a menina sueca, Greta Thunberg. Esse comportamento gerou o protesto de Jane Fonda.
“Eu acompanho a política brasileira. Estava em Michigan durante as eleições presidenciais brasileiras, quando Bolsonaro foi eleito. Alguns brasileiros me viram e começaram a chorar ao dizer que ele havia ganhado a disputa presidencial. Eles sabiam o que significava para seu país aquela vitória e não conseguiram se conter. Eu me senti muito mal. Já passei um tempo no Brasil, amo o país, amo seu povo, e sinto muito que tenha chegado a esse ponto”, acrescentou Jane Fonda.
Ela disse que o que está movendo as queimadas e desmatamentos na Amazônia é a ganância por dinheiro e que Bolsonaro está incentivando isso. “É um homem que permite as queimadas na Floresta Amazônica em troca de dinheiro, em nome da produção agrícola, mas sem cuidado algum, suja”, denunciou. “Ele não entende que está potencialmente destruindo um órgão vital do planeta, com a Amazônia em chamas – além do ridículo, reafirmo, de culpar Leonardo DiCaprio e os ambientalistas”, disse a atriz.