A operação comandada pelo Ministério Público do Rio cumpriu na manhã da quarta-feira (18/12) diversos mandados de busca e apreensão em endereços do policial aposentado, Fabrício Queiroz, ex-chefe da segurança do ex-deputado e de outros ex-assessores do atual senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) tanto na capital como em Resende, no Sul do Estado do Rio.
A operação foi pedida na investigação sobre desvio de dinheiro público, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito do antigo gabinete do senador quando era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.
Tiveram seus endereços visitados, além de Fabrício Queiroz, os seus familiares e ainda parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, todos lotados no gabinete de Flávio.
A força-tarefa que investiga o caso obteve na Justiça, em maio, a quebra dos sigilos fiscal e bancário de 96 pessoas e empresas — incluindo Queiroz e Flávio.
A investigação foi instaurada em 31 de julho do ano passado, meses depois que o antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviou um relatório ao MP com movimentação atípica de Queiroz num total de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017 e de R$ 7 milhões quando a pesquisa analisava a partir de 2014.
As investigações estavam paradas desde que o ministro Dias Tofolli, do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, a pedido de Flávio Bolsonaro, todas as investigações que utilizaram informações compartilhadas pelo Coaf. A medida foi derrubada em novembro pelo plenário do STF e as investigações estão sendo retomadas agora.
O ex-policial Fabrício Queiroz comandou um esquema de lavagem de dinheiro no gabinete de Flávio Boslonaro com funcionários fantasmas e intermediou também a vinda de familiares de milicianos para o gabinete de Flávio Bolsonaro – a mãe e a mulher do miliciano foragido e chefe do “Escritório do Crime” da milícia de Rio das Pedras, Adriano Nóbrega, que está foragido, foram trazidas pelas mãos de Queiroz para o gabinete.
Mensagens contidas no telefone de Danielle Nóbrega, mulher do miliciano foragido Adriano Nóbrega, apreendido pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, durante a Operação “Os Intocáveis”, revelaram que Fabrício Queiroz, assessor de Flávio Bolsonaro, demitiu Danielle para tentar blindar Flávio e evitar que se tornasse pública a vinculação do gabinete do atual senador com o criminoso de aluguel.
No mesmo dia em que veio a público a investigação por movimentações milionárias, em dezembro de 2018, Queiroz comunicou por Whatsapp a Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, ex-mulher de Adriano Magalhães da Nóbrega, o “Capitão Adriano”, chefe de milícia da zona oeste e integrante do Escritório do Crime, que ela estava exonerada do gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa (Alerj).
Por mensagem de texto, Queiroz pediu à Danielle que evitasse usar o sobrenome do miliciano. Para reforçar o pedido, encaminhou uma foto, divulgada pela mídia na época, na qual ele e Flávio aparecem juntos, lado a lado, no gabinete. Queiroz explicou que o motivo era o fato de que os dois eram alvo de uma investigação. Procurado, Queiroz confirmou a conversa e disse, por meio de seus advogados, que “tais diálogos tinham como objetivo evitar que se pudesse criar qualquer suposição espúria de um vínculo entre ele, Flávio e a milícia”.
Ou seja, Queiroz pediu para Danielle se esconder e fingir que não conhecia o miliciano com quem era casada. Ele e outros 13 milicianos estavam sendo procurados pela operação “Os Intocáveis”. Todos foram presos, menos Adriano, que está foragido até hoje.
Quem são os investigados
No Rio
Fabrício Queiroz, ex-motorista e ex-chefe de segurança de Flávio Bolsonaro;
Evelyn Queiroz, filha do ex-assessor;
José Procópio Valle, ex-sogro de Bolsonaro;
Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro;
Francisco Diniz, primo de Ana Cristina;
Daniela Gomes, prima de Ana Cristina;
Juliana Vargas, prima de Ana Cristina;
Maria José de Siqueira e Silva, tia de Ana Cristina;
Marina Siqueira Diniz, tia de Ana Cristina.
Em Resende
Nove parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro, que foram lotados no gabinete de Flávio entre 2003 e o ano passado:
Guilherme dos Santos Hudson, tio de Ana Cristina;
Ana Maria Siqueira Hudson, tia de Ana Cristina.
Nossa o que que é isso, deixe o homem falar seu Bolsonaro. Ele tem direito de contar a verdade.