Um caminhão blindado da polícia atropelou um jovem manifestante e o prensou contra outro blindado nas proximidades da Praça da Dignidade, em Santiago, na última sexta-feira, esmagando sua pélvis.
Conforme o Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile (INDH), Óscar Pérez, de 20 anos, “até agora tem quatro fraturas de pélvis, hemorragia interna e comprometimento de bexiga”. “Os médicos continuam realizando exames”, informou o INDH.
O vídeo mostra as cenas da brutalidade policial:
Com enorme repercussão nas redes sociais, a atrocidade foi uma das cenas mais violentas já protagonizadas pelos carabineiros (a polícia militar) nos dois meses de protestos contra a política neoliberal do presidente Sebástian Piñera. Até o momento, a repressão já matou oficialmente 26 manifestantes, feriu mais de 2.500 e prendeu mais de 3.500.
Na semana passada foi comprovado o uso de soda cáustica e gás pimenta nos caminhões que lançam jatos líquidos para ferir a pele e cegar manifestantes. Até o momento, as entidades populares denunciam 352 ativistas que tiveram a visão total ou parcialmente comprometida devido às balas da polícia somadas ao despejo de soda cáustica e gases pelos caminhões lança-água, apelidados como “zurrilhos” ou “gambás”.
Entre as muitas pessoas atingidas por gases lacrimogêneos se encontraram autoridades como o prefeito da comuna de Recoleta, Daniel Jadue, que denunciou os carabineiros por terem lançados bombas contra os veículos que passavam próximos do local.
A barbárie do atropelo e do batismo químico foi materializada após a ameaça de “tolerância zero” com os manifestantes que insistirem em protestar nas ruas. “Se alguém insiste em ficar vai ser retirado do lugar pelos policiais. Irão ser usados todos os meios e protocolos que a lei autorize”, afirmou o comunicado governamental.
“As políticas repressivas e criminosas de um governo que declara guerra ao povo devem parar agora. A partir da Frente Ampla exigimos, Sebastian Piñera: Fora Mario Rozas, o general dos Carabineiros, e reforma urgente da polícia para garantir os direitos humanos”, declarou a deputada Gael Yeomans, líder do grupo A Convergência.