Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério da Economia (ME), no dia 19 de dezembro, apontam que em novembro a Indústria de Transformação (-24.815) e a Construção Civil (-7.390) fecharam 32.205 postos de trabalho com carteira assinada. Nos demais setores pesquisados, o saldo do emprego formal ficou negativo na Agropecuária (-19.161), Administração Pública (-652) e Extrativa Mineral (-290).
Entre os segmentos que fecharam vagas na Indústria em novembro estão: Indústria Química de Produtos Farmacêuticos (-7.140), Indústria de Produtos Alimentícios, Alcoólicos e Etílicos (-7.040), Indústria Têxtil de Vestuário e Artefatos de Tecido (-5.309) e Indústria de Calçados (-2.399).
Na Construção Civil fecharam vagas: Construção de Edifícios (-4.797), Construção de Rodovias e Ferroviárias (-3243) e Obras para Geração e Distribuição de Energia (-1.406).
Na Agropecuária foram registradas 62.721 admissões contra 81.882 desligamentos, uma queda de -1,18% em relação ao mês anterior. Entre as subcategorias que negativaram destaca-se Cultivo de Cana-de-Açúcar, com -9.222 postos de trabalho.
Apenas Comércio (+106.834) e Serviços (+44.287), que contratam mais em período de festividades, tiveram saldos positivos. No Comércio, a subcategoria Comércio Varejista contribuiu com +100.393 vagas de emprego.
O resultado do Caged para o mês de novembro com o saldo positivo de 99.232 vagas de trabalho formais, resultado de 1.291.837 admissões e 1.192.605 desligamentos no período, foi comemorado pelo governo e setores da mídia, inflando uma suposta recuperação da economia.
ESTAGNAÇÃO
O desemprego na indústria reflete a estagnação do setor que registra três trimestres seguidos em queda. Entre janeiro e outubro de 2019, a produção industrial já acumula uma perda de -1,1% em relação a igual período do ano anterior. Um recuo em mais da metade (53,8%) dos produtos pesquisados, de todas as categorias da indústria.
O setor de construção civil, após cinco anos em queda, não vê investimentos em obras de infraestrutura, nem a curto nem a longo prazo, e há ameaça da parte do governo Bolsonaro de extinguir o Programa Minha Casa Minha Vida.
Como dizem os empresários do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI): “não há recuperação econômica sem indústria”, destacando o contexto interno de “elevado desemprego, a crescente informalidade do trabalho e a presença de incertezas políticas”.
INFORMALIDADE RECORDE
Ao contrário do Caged, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apura não só o emprego formal, mas também o emprego informal, sem carteira de trabalho e os chamados “bicos”. E é o emprego informal que vem batendo recordes no Brasil em 2019.
No trimestre encerrado em outubro de 2019, 12,4 milhões de brasileiros estavam desempregados, resultado “estatisticamente estável” em relação ao trimestre encerrado em julho e em relação ao mesmo trimestre encerrado em outubro de 2018, diz o IBGE.
“O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) chegou a 33,2 milhões, com estabilidade em ambas as comparações. A categoria dos empregados sem carteira de trabalho assinada no setor privado (11,9 milhões de pessoas) foi novo recorde na série histórica, com estabilidade estatística em relação ao trimestre móvel anterior e alta de 2,4% (mais 280 mil pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2018” (PNAD Contínua- Trimestre Outubro/2019).
“A categoria dos trabalhadores por conta própria chegou a 24,4 milhões de pessoas, novo recorde na série histórica, com estabilidade frente ao trimestre anterior e alta de 3,9% (mais 913 mil pessoas) em relação ao mesmo período de 2018” ( PNAD Contínua- Trimestre Outubro/2019).
A taxa de informalidade no trimestre encerrado em outubro ficou em 41,2% da população ocupada. São 38,751 milhões de brasileiros que estão na informalidade, sem carteira de trabalho, sem direitos trabalhistas e com renda contraída.