Como registrou o portal russo RT, “o otimismo está em alta conforme deslancharam na terça-feira (9) as ansiosamente aguardadas conversações intercoreanas, as primeiras em dois anos, após calorosa troca de cumprimentos entre o chefe da delegação do norte, Ri Son Gwon, e o ministro da unificação do sul, Cho Myoung-gyon.
Ri disse que Pyongyang esperava negociações “sérias e sinceras” que trarão “valiosos resultados”, assertiva correspondida por Cho. A reunião ocorreu na vila de Panmunjon, na zona desmilitarizada entre os dois países. No dia 3, Seul e Pyongyang restabeleceram o canal de comunicação especial na zona desmilitarizada e concordaram com a reunião desta terça-feira. O presidente sul-coreano Moon Jae-In havia anunciado que durante os Jogos Olímpicos de Inverno, que começarão no próximo mês, não haveria manobras militares conjuntas com os EUA.
Em discurso no sábado (6), o líder da Coreia Popular, Kim Jong Un, havia conclamado os coreanos do norte e do sul a “promoverem uma atmosfera de reconciliação nacional e unificação” e assinalado que “a questão das relações norte-sul é uma questão interna do povo coreano”, acrescentando que “se tentarmos resolvê-la dependendo de imposições estrangeiras, só criaremos dificuldades na sua resolução”.
“Nosso país precisa aderir firmemente a uma política que possa promover um grande avanço na unificação autossuficiente”, ressaltou Kim, salientando “que não precisamos ficar presos ao passado”. “Chegou a hora de unir os esforços do povo coreano para deter o aumento de tensão na península”, destacou.
“A Coreia do Norte disse que eles estão determinados a fazer as negociações de hoje frutíferas, e tornam uma oportunidade inovadora”, disse o vice-ministro da Unificação do sul, Chun Hae-sung. Segundo ele, a Coreia do Norte enviará atletas e funcionários “de alto escalão” como parte de sua delegação aos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang 2018.
Ele propôs ainda que os membros de ambas Coreias marchem juntos na cerimônia de abertura. Equipes de demonstração de taekwondo da Coreia Popular também participarão, de acordo com a agência de notícias do sul, Yonhap.
Antes do início, Cho disse esperar que as respectivas delegações seriam capazes de transformar os Jogos Olímpicos em um “festival da paz” e que a reunião na zona desmilitarizada serviria como “primeiro passo” para o descongelamento das relações. Para o chefe da delegação do sul, as conversações acontecerão “de uma forma calma” e sem pressa. As agências disseram que Seul propôs um encontro de familiares separados pela guerra no próximo mês.
O atual presidente sul-coreano, Moon Jae-In, foi chefe de gabinete do ex-presidente Roh Moo-hyun, que se reuniu com Kim Jong Il em Pyongyang em 2007, e que posteriormente se suicidou após perseguição pelo governo pró-ianque, que o acusava de “corrupção”. Desde sua vitória, Moon buscou encontrar caminhos para a retomada de laços intercoreanos, o que foi obstaculizado pela ingerência ianque, que ocupa o sul com 28 mil soldados desde o final da II Guerra.
A Coreia Popular foi forçada a, sob condições extremas, desenvolver sua força nuclear de dissuasão, após ser ameaçada de “ataque nuclear preventivo” pelo então presidente ianque W. Bush, que rompeu acordo assinado entre EUA e RPDC com mediação de Jimmy Carter.
Para solução da atual crise na península coreana, Rússia e China propuseram um duplo congelamento, com Washington suspendendo as manobras militares de larga escala para invadir o norte, e Pyongyang sustando os testes de mísseis e bombas nucleares. Os EUA seguem pressionando a RPDC com mais sanções e bloqueio.
Enquanto isso, em Washington porta-voz do Departamento de Estado manifestou seu desconforto com as conversações intercoreanas, alegando que não havia como “confiar em Kim”, porque ele poderia “estar tentando colocar uma cunha entre os EUA e a Coreia do sul”.