
A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou que a substância dietilenoglicol, encontrada em um dos tanques da cervejaria Backer, em Belo Horizonte, seria a responsável pela doença misteriosa, denominada de síndrome nefroneural, que vêm afetando pessoas na região. Até o momento 11 pessoas foram identificadas com os sintomas e em quatro pacientes foi confirmada a presença do dietilenoglicol. A Backer nega que usa a substância no processo de fabricação da cerveja Belorizontina.
No mesmo tanque foi encontrada a presença de monoetilenoglicol, que é usada como anticongelante de serpentinas e tem baixa toxicidade. Porém, não deveria estar presente na cerveja.
De acordo com as investigações, exames de sangue suspeita de ter provocado os sintomas de insuficiência renal e alterações neurológicas. As amostras de sangue, no entanto, não detectaram a presença de monoetilenoglicol.
A substância e o dietilenoglicol foram encontradas nas garrafas recolhidas nas casas destas pessoas, do lote 1348, das linhas L1 e L2 e também em garrafas recolhidas dentro da Backer.
De acordo com o superintendente da Polícia Técnico Científica da Polícia Civil, Tales Bittencourt, a contaminação por dietilenoglicol pode ser letal com a dosagem entre 0,014mg por quilo a 0,17 mg por quilo.
“Isso significa que a dose letal para um homem de 70 quilos pode ser entre 1 grama a 12 gramas.”
Ainda segundo a polícia, as amostras recolhidas na fábrica foram levadas para Brasília, para a realização de estudo de carbonatação, que avalia se houve violação da embalagem. O resultado, de acordo com a polícia, deu negativo.
A Vigilância Sanitária de Belo Horizonte começa a recolher unidades da Belorizontina, cerveja produzida pela Backer, nesta segunda-feira (13), somente de quem tem o produto em casa. A medida não vale para donos de supermercados, bares e restaurantes.
MAIS UM LOTE CONTAMINADO
A Polícia Civil confirmou que mais um lote da cerveja Belorizontina, da Backer, está contaminado por dietilenoglicol e monoetilenoglicol. Trata-se do L2 1354, segundo o delegado Flávio Grossi.
“É importante ressaltar a existência de mais este lote, que não era de conhecimento. E ao contrário do que imaginávamos, o lote não estava concentrado só no Buritis”, afirmou.
Segundo a Polícia Civil, este é o terceiro lote analisado. Mas, segundo a fabricante, os dois primeiros itens, L1 e L2, pertencem um único lote, 1348.
SUSPEITA DE SABOTAGEM
A corporação investiga se um ex-funcionário participou de suposta sabotagem na contaminação da cerveja. No fim do ano passado, um supervisor da cervejaria chegou a registrar boletim de ocorrência contra o ex-trabalhador, que o ameaçou.
“Não posso afirmar se foi sabotagem ou se foi erro.”, disse Flávio Grossi, delegado titular do inquérito na coletiva.
Até agora, a Polícia Civil confirmou onze casos da chamada síndrome nefroneural. Um deles morreu em Juiz de Fora, onde estava internado, na semana passada. Além dos pacientes internados em Belo Horizonte, há um em São Lourenço e outro em Viçosa.