
O Brasil mais uma vez estará representado na premiação do Oscar. O país está concorrendo com o filme “Democracia em vertigem”, de Petra Costa. A película disputa o prêmio de Melhor Documentário (longa metragem) do Oscar 2020.
Os concorrentes do filme brasilero serão “Indústria americana”, de Steven Bognar e Julia Reichert” e The cave”, um filme feito pela diretora síria, Feras Fayyad, sobre a guerra em seu país. Outros filmes que disputam com o Brasil são “For Sama”, do Reino Unido, de Waad al-Kateab, Edward Watts, também sobre a Síria, e “Honeyland”, um filme da Macedônia, dos diretores Tamara Kotevska, Ljubomir Stefanov.
Com cerca de 6.000 horas brutas, a montagem de “Democracia em Vertigem”, levou dois anos para ser feita. O filme é um documentário sobre a crise final do governo Dilma Rousseff e o seu afastamento do governo em 2016. A diretora Petra Costa iniciou as filmagens ainda em 2014 e captou cerca de 5.000 horas de cenas e entrevistas. Somaram-se a isso, cerca de mil horas de material de arquivo, muitos inéditos.
As repercussões sobre a indicação do documentário foram bastante influenciadas pela polarização político partidária ainda existente no país atualmente.
Os bolsonaristas ficaram bastante incomodados com a indicação do filme porque, segundo eles, isso poderia significar um certo prestígio para o governo Dilma. Jair Bolsonaro, chegou a dizer, mesmo sem ver o filme, que ele seria uma “ficção e uma porcaria”. “Para quem gosta do que o urubu come, é um bom filme”, avaliou.
Já os petistas festejaram com entusiasmo a indicação do documentário com a convicção de que a presença do filme em Hollywood reforçará a sua narrativa política de que o afastamento de Dilma se deu através de um golpe parlamentar. Em nota, Dilma Rousseff afirma que o documentário mostra “a história do golpe de 2016”, que a tirou da Presidência da República “por meio de um impeachment fraudulento”.
Há também aqueles que não estão representados por nenhum dos dois espectros da polarização e que acharam bom que o Brasil esteja mais uma vez representado na premiação da Academia Americana. São pessoas que gostaram de ver um filme brasileiro na disputa. Segundo eles isso mostra a força do cinema brasileiro, apesar de todo os ataques que o setor vem sofrendo.
Este foi o caso do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que se divertiu com a indicação. “Há um detalhe engraçado na indicação ao Oscar do filme ‘Democracia em Vertigem’. O prêmio é outorgado por uma entidade dos Estados Unidos, país venerado pela extrema-direita com continências e submissões diversas”, escreveu o governador no Twitter.