
Os milhões de aposentados, pensionistas e trabalhadores afetados com as filas para atendimento no INSS é o estouro de uma “bomba” anunciada e revela o fracasso do modelo que vem sendo implementado pelo governo Bolsonaro, de desmonte do Estado e do serviço público a qualquer custo, em total descaso com a população.
A corrida desesperada da equipe econômica de Guedes, agora, para tentar debelar o caos que tomou conta de um dos setores mais sensíveis da sociedade, com a contratação de militares da reserva para atendimento nos postos do INSS, só revelam a ineficiência e a bagunça que reina no governo.
Segundo dados do Painel Estatístico de Pessoal do Governo Federal (PEP), entre janeiro e novembro de 2019, 6.007 funcionários do Instituto Nacional do Seguro Social se aposentaram, sem nenhuma contratação. O governo também já iniciou o corte de 50% da estrutura do órgão e o fechamento de agências do INSS, que deve chegar a 500 até julho.
Além disso, 20 unidades regionais do Dataprev, empresa que processa os dados de 35 milhões de aposentados, serão fechadas, e nesta quinta-feira (16), o governo incluiu a empresa de tecnologia no programa de privatização.
A bagunça é tanta que, nesta mesma manhã, o governo autorizou a atuação do insignificante número de 49 servidores do Dataprev para se somarem à força-tarefa que está sendo montada para apagar o fogo no INSS. É muita esculhambação para um governo só.
A aposta de Guedes, com ajuste fiscal e redução do gasto governamental, é focar no que eles chamam de “modernização”, com automação e digitalização dos serviços, mas nem disso sua equipe dá conta, visto que uma das razões das filas nos pedidos de aposentadoria é que, até agora, o sistema não foi adaptado às novas regras da reforma da Previdência.
O desastre que vemos agora já era previsto até pelo Ministério Público Federal (MPF), que em 2019 entrou com uma Ação Civil na Justiça por novas contratações no INSS. Na ação, o MPF calculou que a autarquia perderia mais de 4 mil servidores a qualquer momento e que o déficit no órgão para atender às demandas da população e ao aumento dos acessos ao INSS com a reforma da Previdência chegaria a quase 20 mil funcionários.
Enquanto isso, o governo continua firme em sua decisão de não autorizar novos concursos públicos e as filas de espera de cerca de 2 milhões de pedidos de aposentadoria, benefícios de assistência ao idoso, deficiente de baixa-renda, salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-doença vão continuar em compasso de espera até setembro, como admite o próprio governo, mesmo com a contratação dos militares.