Ameaçou instaurar sobretaxa de 25% sobre carros europeus importados pelos EUA
O jornal Washington Post desvendou o mistério por trás do súbito acionamento, pelo chamado EU3 (França, Alemanha e Grã Bretanha) do mecanismo de resolução de disputas sobre o acordo nuclear com o Irã, quando dois ou três dias antes estavam com um posicionamento bem diferente. Foi um ultimato de Trump, ameaçando impor sobretaxa de 25% sobre os carros europeus importados, o que uma fonte classificou ao Post de “extorsão”
Na terça-feira, em conjunto, Paris, Londres e Berlim anunciaram que iniciariam esse procedimento, previsto no acordo, e que abre caminho para a reimposição das sanções da ONU, que foram revogadas com o acordo.
Supostamente, a ativação do mecanismo se deveria ao anúncio, de parte de Teerã, que não mais acataria os limites do acordo – o que tem feito com base em dois artigos do próprio tratado, que protegem o Irã em caso de outros signatários deixarem de cumprir a sua parte – após o assassinato do principal líder militar iraniano, general Suleimani, durante visita ao Iraque, por ordem de Trump.
Apesar de ter anunciado que não mais seria o único a cumprir o acordo, quando as outras partes não fazem o que se comprometeram, o Irã continua mantendo o monitoramento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e signatário do Tratado de Não-Proliferação. O regime de inspeção aceito pelo Irã no acordo de 2015 é mais rigoroso do que as normas do TNP.
Assim, o alarde sobre que o Irã estaria na ‘iminência’ de ‘construir uma bomba atômica’ não passam da atualização do conto do vigário das ‘armas de destruição em massa de Sadam’.
O governo do Irã deixou claro que os limites serão restaurados, assim que cessem as sanções que violam o acordo e a Resolução do Conselho de Segurança da ONU que o consagrou.
As sanções contra o Irã – que o próprio Trump chama de “pressão máxima” – tentam fazer o país se render pela fome, com Trump proibindo qualquer país do mundo de comprar petróleo iraniano, que é a principal fonte de divisas para o país comprar tudo que ainda não fabrica.