Após veementes cobranças, Planalto diz que vai demiti-lo
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o secretário especial de Cultura, Rodrigo Alvim, “passou de todos os limites” e pediu sua demissão.
“O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo”, disse Maia pelo Twitter.
Alvim copiou uma citação do ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels, em um pronunciamento em vídeo. O vídeo foi divulgado para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, projeto no valor total de mais de R$ 20 milhões.
Segundo o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich, o nazista afirmou: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.
Nó vídeo de Alvim, postado nas redes sociais, ele discursa: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”.
Outra referência a Hitler é a trilha sonora do vídeo. Ele colocou trecho da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, celebrado por Adolf Hitler.
O vídeo foi publicado no perfil oficial da Secretaria Especial de Cultura.
A reação negativa foi tão grande que o Planalto diz que vai demitir o secretário. O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Ramos, telefonou para líderes do Congresso e avisou que o porta-voz da Presidência, general Rego Barros, deve anunciar a demissão.
Nas redes sociais, Roberto Alvim disse que seu copia e cola do nazismo foi uma “coincidência retórica” mas que “a frase em si é perfeita”. “Foi apenas uma frase do meu discurso na qual havia uma coincidência retórica. Eu não citei ninguém. E o trecho fala de uma arte heróica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro”, escreveu Alvim.
O vídeo provocou reações de diversos setores.
O presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP) divulgou uma nota condenando atitude de Alvim. Rossi pede que Bolsonaro tome as “medidas cabíveis” e cita os combatentes das Forças Expedionárias Brasileiras (FEB) que atuaram na Segunda Guerra Mundial.
“Repudiamos o infame “copia e cola” da propaganda nazista produzido pelo secretário especial de Cultura, Roberto Alvim. Esperamos que o presidente da República tome as medidas cabíveis, em nome dos brasileiros de todas raças e credos que combateram o nazismo e fascismo nas fileiras das Forças Expedicionárias Brasileiras”.
A ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) também se pronunciou pelo Twitter. “Hey, Alvim! Esse vídeo em que você ouve a música preferida de Hitler e faz um plágio de uma frase Goebbels foi feito para que a gente esquecesse o escândalo de corrupção da secretaria de comunicação? Não deu certo”.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib), em nota repudiou Alvim e cobrou seu afastamento.
“Emular a visão (de Goebbels) é um sinal asssutador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida”, afirma texto da entidade.
Roberto Alvim já frequentou o noticiário de escândalos. Ele agrediu covardemente, pela internet, quando estava na Funarte, a atriz Fernanda Montenegro.
Relacionadas: