Indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para conduzir a privatização da histórica Casa da Moeda, Eduardo Zimmer Sampaio logo que assumiu substituiu os integrantes do Comitê de Elegibilidade da estatal para aprovar a nomeação de seu amigo Saudir Luiz Filimberti para o cargo de diretor de Inovação e Mercado da empresa, com salário superior a R$ 40 mil por mês.
No dia 29 de maio do ano passado, o ex-diretor do Detran do Rio Grande do Sul e proprietário de uma empresa de transporte, Saudir Luiz Filimberti, teve seu nome rejeitado pelo comitê que avaliava o currículo dos indicados à diretoria da Casa da Moeda por “ausência de preenchimento dos requisitos”, para a diretoria a qual fora indicado, informou a Folha de São Paulo.
De acordo com o relatório do comitê, Filimberti não comprovou experiência e nem apresentou elementos comprobatórios de ter ocupado por 4 anos cargo em comissão ou função de confiança equivalente ao nível de direção para o qual foi designado. De acordo com o estatuto da Casa da Moeda, “a empresa disporá de um comitê de Elegibilidade que visa auxiliar os acionistas na verificação de conformidade do processo de indicação e de avalição dos administradores e conselheiros ficais”.
Eduardo Zimmer, que foi nomeado no mesmo dia em que Filimberti teve seu nome reprovado, na busca de garantir a presença do amigo, destituiu o Comitê de Elegibilidade. Confirmada a possibilidade, os integrantes do comitê foram trocados na segunda quinzena de junho.
Desta forma, Zimmer indicou seu atual chefe de gabinete e a superintendente de Recursos Humanos para ocupar os cargos no Comitê de Elegibilidade. Até então, o comitê era composto por dois funcionários do departamento jurídico e um auditor, como o estatuto da estatal recomenda.
VIVENDAS DA BARRA
Esse novo comitê aprovou a nomeação de Filimberti no dia 26 de junho. Transferido para o Rio de Janeiro em julho, Filmberti dividiu com Zimmer uma casa no Condomínio Vivendas da Barra, localizado na Barra da Tijuca, até o mês de dezembro.
O condomínio é famoso por ser o mesmo local onde mora o presidente Jair Bolsonaro e também local de moradia do sargento aposentado da Polícia Militar, Ronnie Lessa, que é o principal suspeito de ter assassinado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
Além de Filmberti, o atual comitê aprovou o nome de Fábio Rito, que também havia sido rejeitado pelos antigos integrantes do Comitê de Elegibilidade. Fabio Rito defendeu em uma entrevista no último dia 13 deste mês, a privatização da estatal e o enxugamento do quadro funcional. Após as declarações, os trabalhadores da Casa da Moeda ocuparam a empresa e a direção foi obrigada a sair sob escolta dos seguranças.
Outro nome também aprovado pelo grupo de privatistas que assumiu o controle da estatal foi o do então chefe de gabinete de Zimmer, Marcelo da Silva Corletto, para o comando da área de Copliance, função que, a partir desta indicação, passou a ter status de diretoria. Corlleto também morou temporariamente com Zimmer e Filmberti no casa no Condomínio Vivendas da Barra. Ou seja, transformaram a Casa da Moeda numa “ação entre amigos”.
A Casa da Moeda é uma das 19 estatais que Jair Bolsonaro promete vender para a iniciativa privada. Zimmer foi escolhido pelo próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, com a missão de estabelecer condições para a privatização da Casa da Moeda. Assim que assumiu a estatal, a nova direção proibiu atividades sindicais nas dependências da empresa, no Rio de Janeiro.