
Servidores e entidades que representam os trabalhadores do INSS afirmam que os militares da reserva que o governo cogita contratar não são a solução para acabar com as filas no órgão. Os servidores defendem que mesmo os serviços menos complexos do INSS exigem um certo tempo de aprendizagem e conhecimento técnico.
Conforme artigo publicado no site do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social de São Paulo (SINSSP), a solução imediata para o caos que tomou conta do INSS seria “chamar os servidores do órgão que se aposentaram recentemente e que detém conhecimento técnico para trabalhar” e, mais a curto e médio prazo, promover imediatamente concurso público para o órgão.
“Fala-se tanto em economizar, mas o governo resolveu escolher os militares e pagar mais por isso ao invés de optar pelos servidores aposentados que trariam um gasto bem inferior para os cofres públicos, essa conta não fecha e não adianta justificar que não pode chamá-los (os aposentados), pois há vários servidores aposentados prestando serviço no INSS”.
Segundo a entidade, “essa medida não vai resolver nada, pelo contrário, vai piorar ainda mais o atual quadro podendo justificar demissões e terceirização dos serviços dando continuidade ao sonho dourado do Governo que é a Privatização da Previdência Social”.
“Nós somos contra, servidores são contra, porque os militares sequer têm a capacitação técnica para fazer o serviço”, diz a diretora da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), Rita de Cássia. “Nosso trabalho é um serviço especializado, técnico, tem que ter prestado concurso”, diz.
Rita de Cássia argumenta ainda que “é um absurdo contratar um militar para ganhar R$ 2 mil, R$ 3 mil para fazer um serviço que ele desconhece, quando um estagiário ganha uma bolsa de R$ 400 para fazer esse serviço”.
Vilma Ramos, do Sindicato dos trabalhadores do INSS, também defende a contratação dos servidores aposentados da seguridade social para diminuir a crise. Segundo ela, preparar um funcionário sem experiência para esse serviço leva pelo menos um ano e meio.
O sindicato afirma que o que o governo quer a privatização do sistema, e que “o sucateamento é um processo calculado de desmonte”.
“A reforma da Previdência já apontou para isso, o ministro Guedes (da Economia) levou a proposta e não passou, mas ainda não tirou da sua cabeça a privatização do sistema previdenciário e do INSS”.