“A indústria registrou sua segunda maior queda do ano. Os serviços ficaram estagnados e mesmo o comércio varejista não escapou de apresentar declínio em seu conceito ampliado”
Importantes setores da economia encerraram o ano com ”expectativas frustradas”, segundo avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), a partir da análise dos dados desastrosos para a indústria, comércio e serviços em novembro de 2019.
“Deste modo, tudo indica que a recuperação do PIB [Produto Interno Bruto] não ganhou qualidade, permanecendo fraco e irregular”, sintetizou a entidade em carta divulgada na sexta-feira (17).
MÊS FRUSTRANTE
“Novembro de 2019 foi um mês frustrante para a maioria dos grandes setores econômicos. A indústria registrou sua segunda maior queda do ano. Os serviços ficaram estagnados e mesmo o comércio varejista não escapou de apresentar declínio em seu conceito ampliado”, afirma o IEDI.
A análise se apoia nos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a produção industrial, volume de serviços e volume de vendas do comércio varejista.
INDÚSTRIA: DISSEMINAÇÃO DE RESULTADOS NEGATIVOS
A produção física da indústria brasileira foi a que mais retrocedeu frente a outubro: -1,2%.
“O desempenho adverso em nov/19 veio acompanhado de uma grande disseminação de sinais negativos, atingindo 61% de seus ramos e 71% de seus parques regionais. Todos os macrossetores reduziram produção em relação ao mês anterior, inclusive aqueles que mais distantes se encontram dos patamares anteriores à crise de 2014-2016, como bens de consumo duráveis (-2,4%, com ajuste) e bens de capital (-1,3%)”, diz o Iedi.
Do ponto de vista regional, o instituto exemplifica com o declínio que se concentrou nos principais parques do país.
“São Paulo, por exemplo, recuou -2,6% ante out/19, ou seja, a um ritmo duas vezes mais intenso que o total Brasil, consistindo no seu pior resultado na série com ajuste sazonal desde set/18. Polos industriais importantes, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais, além do Nordeste, ficaram igualmente no vermelho”.
COMÉRCIO: ALIMENTOS, VESTUÁRIO E CALÇADOS NÃO SAÍRAM DO LUGAR
As vendas reais do comércio varejista ampliado, que inclui segmentos de veículos, autopeças e materiais de construção, caíram -0,5% em novembro sobre o mês anterior.
“No comércio, não se confirmaram as expectativas de um reforço das vendas devido às promoções da Black Friday e à liberação dos recursos do FGTS. O que era para ser um mês forte, acabou em queda (…) segmentos mais dependentes do emprego e da renda corrente, como alimentos, vestuário e calçados, não saíram do lugar”, avalia.
SERVIÇOS: UM MÊS DESPERDIÇADO
“A estabilidade dos serviços, por sua vez, representou um mês desperdiçado”. O faturamento real do setor que responde por mais de 70% da formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país various 0,1%. “O segmento de transportes, que representa algo como 1/3 do setor como um todo, registrou -0,7% em nov/19 frente a out/19, com ajuste, e ainda acumula retração no acumulado de jan-nov/19 (-2,6% ante jan-nov/18)”.
“Este entrave à recuperação dos serviços não existiria, ou ao menos seria menos importante, se a indústria, que é grande demandante de serviços de transporte, não tivesse incorrido em um período recessivo na maior parte do ano passado”, afirma o estudo.