O desmatamento acontece por conta de grilagem, plantio de monocultura e estímulo do governo Bolsonaro, denunciam cientistas e pesquisadores, que rebatem a declaração do ministro Paulo Guedes, segundo a qual a pobreza é a culpada pela destruição do meio ambiente.
Paulo Guedes, durante discurso no Fórum Econômico Mundial, afirmou que são os pobres que destroem o meio ambiente. “As pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer”, alegou.
Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, explica que o desmatamento acontece, na verdade, por conta de grileiros, que atuam para a pecuária e mineração e com apoio do governo Bolsonaro.
“O maior inimigo do meio ambiente é a condescendência do governo com os crimes ambientais. Grupos por trás da grilagem de terra, da exploração e mineração têm sido recebidos a todo instante por representantes do governo”, disse. A política de Bolsonaro é “claramente anti-ambiental”.
Para ele, não seria sequer possível que o desmatamento fosse culpa dos pobres por conta do custo, uma vez que desmatar é caro.
Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), concorda. “Quem destrói a Amazônia não são os pobres. É preciso de dinheiro para desmatar uma grande área”.
O climatologista Carlos Nobre também insere o plantio de commodities nas razões pelas quais as matas estão sendo desmatadas. “São commodities que eliminam toda a floresta”. “Grandes plantações associadas com grandes empresas que empregam um número muito pequeno de pessoas. A agricultura mecanizada emprega muito pouca gente”, explica.
A coordenadora da campanha de políticas públicas do Greenpeace, Luiza Lima, acredita que a fala de Guedes é, “além de errada, imoral com a população mais pobre”. “Ele culpabilizou o pobre pela destruição do meio ambiente. Na verdade, o pobre é a principal vítima”.
“A frase deveria ser ‘o inimigo do pobre é a destruição do meio ambiente’. São eles que sofrem em casos de eventos extremos relacionados às mudanças climáticas”, disse, em entrevista para o G1.