Enfrentando protestos dos mais amplos setores da sociedade colombiana, o presidente Iván Duque abriu oficialmente o país nesta semana para que militares dos Estados Unidos realizem “exercícios multinacionais militares estratégicos”. “Será um trabalho conjunto com o objetivo de criar intercâmbio operacional, construir interoperabilidade e compartilhar experiência estratégica e prática”, declarou o comunicado do Comando Sul dos EUA, responsável entre outros crimes pela invasão do Panamá em 1989 .
Conforme o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, participam dos exercícios militares, que vão de 23 a 29 de janeiro, 75 paraquedistas da 82ª Divisão Aerotransportada de Fort Bragg, Carolina do Norte, e 40 integrantes do Comando Sul. A operação aérea começará com um salto desde um avião Hércules C-130, norte-americano, para logo simular a tomada e as manobras necessárias para manter um aeródromo.
De acordo com informações publicadas pelo jornal El Tiempo, o desembarque das tropas estadunidenses ocorreu quinta-feira à tarde na base militar de Toleimada, no município de Nilo, no departamento de Cundinamarca.
Tentando relativizar as duras críticas recebidas dos mais amplos setores da sociedade colombiana, que repudiaram a “capitulação” diante da ingerência externa, um comunicado das Forças Militares da Colômbia enalteceu a “colaboração”.
“Os paraquedistas do Exército dos Estados Unidos chegaram a bordo um avião Boeing C-17 Globemaster, aeronave militar para uso logístico pesado, realiza missões de transporte tático, evacuação médica, deslocamento de tropas aerotransportadas e lançamento de paraquedistas, proporcionando a ajuda de campo requerida para sustentar a força que se encontra no desenvolvimento das operações”, apontou o documento.
Vários movimentos sociais e partidos de oposição apontaram que a decisão de Duque representa uma clara violação à soberania nacional. Destacado vereador de Bogotá pelo Polo Democrático, Manuel Sarmiento qualificou a postura de Duque como “outra mostra de sua incondicional submissão aos Estados Unidos, que representa a principal ameaça à paz mundial”.
Na avaliação da Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), que se transformou em partido político após a assinatura dos Acordos de Paz, em 2016, é inaceitável a presença de tropas estadunidenses em território colombiano, uma vez que se trata de ação intimidatória que atenta contra a segurança da região.
A União Sindical Operária da Indústria do Petróleo (USO) também rechaçou a presença dos EUA e convocou um “protesto político e social contra a violência institucional, a corrupção e os ataques contra os direitos da cidadania”.