O chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Fabio Wajngarten, usou a campanha de publicidade sobre a reforma da Previdência, a maior e mais cara feita pelo órgão no ano passado, para privilegiar clientes de sua empresa e emissoras de TV religiosas, apoiadoras do governo Bolsonaro, na distribuição de verbas publicitárias.
O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília pediu à Polícia Federal (PF) a abertura de inquérito criminal para investigar o secretário por suspeita de corrupção passiva, peculato e advocacia administrativa. Ver MPF pede à Polícia Federal para investigar crimes do chefe da Secom.
A Secom rebaixou a líder de audiência Globo da campanha, que foi feita em fases, beneficiando canais alinhados ao governo.
De acordo com a denúncia, na primeira fase da campanha – veiculada de 20 de fevereiro a 21 de abril – foram gastos R$ 11,5 milhões. O plano de mídia para esta fase definiu que a TV mais contemplada com recursos seria a Globo nacional, líder de audiência e que atinge maior público.
Após Wajngarten assumir o cargo, a Secom mudou a orientação. Na segunda etapa da campanha, aprovada na gestão dele, o plano de mídia excluiu a Globo nacional da lista de contratadas, mantendo apenas praças regionais da emissora, cujos anúncios são mais baratos.
O investimento na segunda fase, para todos os meios de comunicação, foi de R$ 36,7 milhões. As emissoras Record, Band e SBT foram contempladas, respectivamente, com R$ 6,5 milhões, R$ 1,1 milhão e R$ 5,4 milhões, totalizando R$ 13 milhões.
Os dados constam de documentos da Artplan, agência de publicidade responsável pela campanha da Previdência, enviados ao TCU (Tribunal de Contas da União).
Record e Band têm contratos privados com a FW Comunicação, empresa de Wajngarten. O SBT foi cliente da empresa até o primeiro semestre do ano passado. A legislação vigente proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões.
Wajngarten também enfrenta uma avaliação da Comissão de Ética Pública da Presidência por possíveis conflitos de interesses. Wajngarten nega irregularidades em sua gestão.