
Os trabalhadores da Dataprev (Empresa de Tecnologia e Processamento de Dados da Previdência) de São Paulo decidiram aderir à greve dos funcionários da estatal que já atinge vários estados do país desde a semana passada. Em assembleia nesta terça-feira (28), os trabalhadores decidiram parar a partir de quinta-feira (30).
A greve é contra a privatização da empresa, já autorizada pelo governo, e o anunciado fechamento de unidades em 20 estados e demissão de cerca de 500 funcionários.
O processo de privatização da Dataprev, responsável pelo processamento dos benefícios previdenciários como aposentadorias, seguro-desemprego, auxílio-doença e licença-maternidade, entre outros, se dá em meio ao colapso no INSS, que deixou sem atendimento quase 2 milhões de usuários em todo o país, sem que o governo tenha tomado nenhuma medida concreta para debelar a crise.
A Dataprev entrou na lista oficial de privatizações do governo no dia 16. No dia 22, no auge do caos no INSS, o Ministério da Economia autorizou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a coordenar a venda da participação acionária da União na estatal.
Para o Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd-SP), “o desmonte da estatal responsável pelo processamento de dados previdenciários vem atrasando o recebimento de pensões e aposentadorias em todo o país”.
Como argumenta o diretor de divulgação do Sindpd do Distrito Federal, onde os trabalhadores também estão em estado de greve, “os problemas enfrentados pela população revelam a falta de gestão do governo que aprovou uma reforma da previdência sem agilizar a adaptação dos programas responsáveis pela liberação desses recursos”.
A Dataprev e o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), que também está na lista de privatização, são empresas estratégicas porque possuem dados de toda a população brasileira e do país, além de serem lucrativas, consideradas de excelência em Tecnologia da Informação (TI) pública no Brasil e no mundo, e premiadas entre as melhores do país em 2019 pela revista Exame. São essas empresas que o governo quer entregar à iniciativa privada, a fundos de investimentos e a empresas de tecnologia da informação nacionais e estrangeiras, as maiores interessadas em adquiri-las.