Cunha e Henrique Alves também receberam
Perícia localiza depósitos feitos ao grupo do presidente Temer
Em entrevista coletiva na terça-feira, o presidente Lula afirmou que “não serei candidato em 2010. Não é por nada, não, é porque a Constituição não permitndidato em 2010. Não é por nada, não, é porque a Constituição não permite”. O presidente reafirmou sua posição contrária ndidato em 2010. Não é por nada, não, é porque a Constituição não permite”. O presidente reafirmou sua posição contrária e”. O presidente reafirmou sua posição contrária à reeleição: “fui obrigado a ser candidato à reeleição porque a situação política exigia qsf asdc reeleição porque a situação política exigia qa à reeleição: “fui obrigado a ser candidato à reeleição porque a situação política exigia qa à reeleição: “fui obrigado a ser candidato à reeleição porque a situação política exigia que eu fosse o candidato”. Lula ressaltou que “a base [do governo] vai ter um candidato e esse candidato, na minha opinião, deve ser tirado de um consenso. Eu quero fazer o sucessor porque quero que tenha continuidade o que nós estamos fazendo no país”.
Laudo da PF comprova o Quadrilhão de Temer
Dados da confissão da Odebrecht batem com os depósitos em conta no exterior
A perícia da Polícia Federal nos computadores da Odebrecht confirmou os depoimentos de funcionários – e especial, o de Márcio Faria da Silva, diretor de engenharia industrial do grupo, e Rogério Araújo, responsável pela área de “desenvolvimento de negócios” – sobre os repasses de propina à quadrilha de Temer.
São vários relatórios – e a perícia ainda não se encerrou – realizados a pedido da Procuradoria Geral da República, na gestão de Rodrigo Janot. Esses relatórios cobrem a primeira parte do material entregue pela Odebrecht. A perícia da segunda parte – uma série de discos rígidos de computador mais ou menos equivalente, em espaço, à primeira parte – ainda não começou, o que depende de ordem da nova procuradora, Raquel Dodge.
“Os extratos bancários encontrados no Sistema Drousys”, diz um dos relatórios da perícia, “corroboram as afirmações de Márcio Faria da Silva quanto aos pagamentos no exterior, porquanto restou comprovado que os US$ 20,8 milhões foram destinados ao PMDB nas contas bancárias denominadas ‘grand flourish’ e ‘gvtel’, esta última aberta em um banco de Antígua, por Rodrigo Tacla Duran, advogado que, segundo apurado no curso da operação Lava Jato, atuava no setor de operações estruturadas da Odebrecht”.
Outros US$ 11,2 milhões foram entregues ao bando de Temer dentro do país, em dinheiro.
PERÍCIA
Já voltaremos ao “Sistema Drousys” e a esses US$ 32 milhões (trinta e dois milhões de dólares). Antes, mais alguns achados da perícia nos computadores da Odebrecht.
Além dos US$ 32 milhões, foram encontrados repasses, no valor de R$ 49 milhões e 652 mil, para a quadrilha de Temer, assim distribuídos, sob vários codinomes:
1) Para Eliseu Padilha (ministro-chefe da Casa Civil de Temer): a) sete pagamentos, no total de 1 milhão, 490 mil e 909 reais (codinome: “Bicuíra”); b) mais R$ 4 milhões e 612 mil (codinome: “Primo”), entregues em 2014, na cidade de Porto Alegre, com exceção de uma parcela que foi entregue no Rio de Janeiro; c) R$ 200 mil sob um codinome impublicável em um jornal familiar, como é o nosso caso, entregues a Padilha no dia 3 de agosto de 2010, em Porto Alegre.
2) Para Moreira Franco (ministro da Secretaria-Geral da Presidência): propinas de R$ 7 milhões (codinome: “Angorá”), em sete parcelas, todas pagas em 2014.
3) Para Geddel Vieira Lima (ex-ministro da Secretaria de Governo de Temer, hoje na cadeia, em Brasília): R$ 5 milhões e 700 mil (codinome: “Babel”).
4) Para Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara, hoje na cadeia): a) R$ 28 milhões e 650 mil (codinome: “Caranguejo”); b) R$ 300 mil (codinome: “Calota”).
5) Para Henrique Eduardo Alves (ex-presidente da Câmara, ex-ministro do Turismo de Dilma e Temer): R$ 2 milhões (codinome: “Fanho”).
A propina para Padilha e Moreira Franco foi pela privatização dos aeroportos. Tanto um quanto o outro foram ministros da Secretaria de Aviação Civil do governo Dilma Rousseff.
O “setor de operações estruturadas” – isto é, o departamento de propinas – da Odebrecht era, a rigor, o principal segmento do grupo. Obviamente, as empresas do sr. Marcelo Odebrecht eram dedicadas aos mais variados negócios, movimentando quantias muito maiores que as do “setor de operações estruturadas”. Mas, com o tempo, tudo tornou-se uma questão de propina, desde a nafta a preço subestimado para a Braskem até serviços de terraplenagem, sempre superfaturados.
Era tão importante o departamento de propinas da Odebrecht, que possuía um programa de computador próprio, com criptografia própria, o “Sistema Drousys”, para controlar as “contas-correntes” dos subornados, isto é, os repasses das propinas e os saldos que cada corrupto podia esperar ainda receber.
ESQUEMA
Voltemos, então, aos US$ 32 milhões com que iniciamos neste artigo.
Eles foram fechados em uma reunião no escritório de Temer, no dia 15 de julho de 2010.
O relato de Márcio Faria, um dos funcionários da Odebrecht que fizeram o acerto, foi publicado em nossa edição do último quatro de abril:
“[a reunião] era na rua Antonio Batuíra, 470, próximo à Praça Panamericana [em S. Paulo]. Chegando lá é que eu soube que se tratava do escritório político do senhor Michel Temer, à época candidato a vice-presidente da República na chapa com a Dilma. Chegamos, nos anunciamos, nos colocaram em uma sala, cumprimentei o deputado Eduardo Cunha. Entramos em uma sala maior, e nessa sala estava presente o Michel Temer, que se sentou na cabeceira, eu sentei, do meu lado o Rogério, do lado de lá o Eduardo Cunha, o deputado Henrique Eduardo Alves e o João Augusto mais atrás.”
Rogério Araújo era o outro funcionário da Odebrecht presente à reunião. João Augusto Henriques era o lobista que intermediara o acerto entre o grupo de Temer e a Odebrecht.
“Passadas as amenidades, o Eduardo Cunha tomou a palavra, explicou, falou: ‘Olha, o pessoal tá no processo de contratação do contrato PAC-SMS com a Petrobrás, diretoria internacional e tem o compromisso que, se realmente forem adjudicadas e assinar o contrato, vai ter uma contribuição muito importante pro partido’, olhando pra mim, porque eu que teria que confirmar esse entendimento. Eu fui lá assim pra abençoar esse compromisso falei: ‘Exatamente, estou de acordo, nós vamos contribuir com o que o deputado falou’.”
O PAC-SMS era um contrato de US$ 825.660.293,79 (825 milhões, 660 mil, 293 dólares e 79 cents), que compreendia planos de segurança do trabalho, controle de emissão de poluentes, saúde dos trabalhadores – nível de ruído, exposição a agentes nocivos – em nove países nos quais a Petrobrás atuava.
Esse contrato estava sob a responsabilidade da diretoria internacional da Petrobrás – isto é, de Jorge Zelada, indicado pelo PMDB, hoje cumprindo uma pena total de 16 anos e dois meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude em licitação.
Foi um dos mais espetaculares sobrepreços e superfaturamentos de toda a Lava Jato, nada menos que US$ 344 milhões (para detalhes desse caso fétido, v. nosso livro “Os Crimes do Cartel do Bilhão contra o Brasil: o esquema que assaltou a Petrobrás”, Fundação Instituto Claudio Campos, 2016, especialmente o capítulo 16: “Como o esquema do PT cobriu o esquema de Cunha e do PMDB”).
Como disse Márcio Faria, “o contrato desde o início foi dirigido para nós”. Passou-se por cima de tudo o que é regra, de tudo o que é limite e de tudo o que é escrúpulo. Era um contrato de quase um bilhão de dólares, que foi entregue à Odebrecht apenas porque a quadrilha de Temer queria mamar uma gigantesca propina.
O contrato acabou por se tornar inexequível, devido ao escândalo – que teve, entre seus componentes, às dificuldades da Odebrecht em uma área onde não tinha experiência.
Tornou-se inevitável a renegociação do contrato – e este é o motivo pelo qual Temer e seu grupo não amealharam toda a propina que queriam (5% do contrato original, pouco mais de US$ 40 milhões).
Mas, ficaram perto, como constatou a PF, sobretudo considerando o prejuízo para o país.
CARLOS LOPES