O Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro denunciou o presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), no governo Wilson Witzel (PSC), Hélio Cabral, por ter dado pessoalmente autorização para distribuição de água contaminada com a alga geosmina.
O presidente do sindicato, Olímpio Alves dos Santos, afirmou que existe um procedimento interno padrão da companhia que manda suspender a captação de água quando há poluição.
O engenheiro explicou que essa prática não depende de ordens superiores, mas que no início de 2020, Hélio Cabral, determinou que não se cumprisse o protocolo padrão, pela continuidade do tratamento da água, mesmo correndo risco de contaminação.
“Quando a água vem por demais poluída, o pessoal fecha as comportas, deixa passar. Isso causa uma pequena falta d’água em algumas regiões e depois eles abrem as comportas e tratam a água menos poluída. Então, quando houve esse problema, eles consultaram o presidente, que mandou admitir água e tratar”, afirmou Olímpio Santos.
O chefe da Estação de Tratamento de Água do Guandu, Júlio César Antunes, foi exonerado do cargo no dia 14 de janeiro, quando a crise da água no Rio completava 12 dias, sem que o motivo fosse divulgado pela companhia ou pelo governo de Witzel.
A Cedae negou a veracidade da denúncia dos trabalhadores da companhia e declarou, em nota que não recebeu nenhuma solicitação para suspender a captação de água.
PRIVATIZAÇÃO
Witzel usou a crise no abastecimento de água vivida na capital e na Baixada Fluminense para tentar tirar da gaveta o projeto de privatização que está barrada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Ele ameaça a população ao afirmar que só haverá investimento no saneamento se a Cedae for vendida. Segundo ele, seriam necessários R$ 700 milhões para a construção de outra Estação de Tratamento no Estado e ainda a transposição de três afluentes do Rio Guandú.
Witzel omite que o problema da Cedae não é falta de recursos para investimento e sim o desmonte provocado intencionalmente na estatal para entregar o saneamento do Rio de Janeiro para empresas privadas.
No ano de 2018, a estatal fluminense obteve um lucro de R$ 832 milhões, recorde histórico da empresa. É para abocanhar este recurso que a quadrilha de Witzel tenta destruir a Cedae.
DESCASO
Wilson Witzel foi passar férias na Disney, em Orlando, nos Estados Unidos no dia 04 de janeiro e somente no dia 14 retornou ao Rio. Ao chegar, se manifestou pelo Twitter, dizendo que determinou uma “apuração rigorosa tanto da qualidade da água quanto dos processos de gestão da Cedae” e também considerou “inadmissíveis os transtornos que a população vem sofrendo por causa do problema na água”. Logo percebe-se que para Witzel, a responsabilidade é de qualquer um, menos dele, como governador e maior acionista da Cedae.
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