O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), saiu da reunião com Bolsonaro no sábado (01) afirmando que “fica tudo igual, não mudou nada”. Ou seja, ele continua com cargo de “chefe”, mas sem ninguém para chefiar, e praticamente nenhuma “casa civil” para comandar.
Ele já tinha perdido a articulação política. Depois foi a vez da Subchefia para Assuntos Jurídicos (SAJ), que analisa a viabilidade jurídica dos atos do presidente. E, enquanto estava de férias, perdeu a única coisa que ainda restava, o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), que foi transferido para Guedes e sua gangue.
Há quem diga que não sobrou nem a mesa de trabalho do antigo ministério. Mas, Onyx está tão necessitado de se manter agarrado ao cargo – a Casa Civil seria sua única “vitrine” para poder disputar o governo do RS – que não se incomoda de “servir” mesmo que seja de pé. É com esse espírito que ele saiu da reunião deste sábado do Alvorada. Disse que foi uma “reunião de trabalho” e que “recebeu tarefas de Bolsonaro a serem executadas no atual posto”.
Nem ao relatório do que ocorreu durante a sua ausência na Casa Civil, o ministro sem pasta, Onyx Lorenzoni, terá acesso. Afinal, seu substituto, que deveria lhe entregar esse relatório, foi demitido…duas vezes. Seu assessor de imprensa, outro que poderia repassar as informações, também foi exonerado.
Mas, resignado e pronto a continuar servindo, Onyx disse, após a reunião, que tudo isso “é página virada”.
Seu substituto de férias, Vicente Santini, que ocupava o cargo de secretário executivo da Casa Civil – amigão dos filhos de Bolsonaro, Carlos e Eduardo Bolsonaro -, lembrando da orgia que foi o uso de aeronaves da FAB no casamento de Eduardo, achou que podia fazer o mesmo. Arrumou duas assessoras, pediu um jato da FAB e saiu feliz pelo mundo afora.
Primeiro foi até Davos, na Suíça, gravou algumas lives na neve – para provar que esteve por lá – e depois foi direto para a Índia, onde se encontrava a comitiva presidencial. Lá ele fez um salamaleque com Bolsonaro e partiu.
Na volta, como ninguém é de ferro, parou em Palermo, na ilha italiana de Sicília e lá ficou por 18 horas, sem que ninguém saiba o que ele e duas assessoras ficaram fazendo tanto tempo na ilha italiana.
Como ele não percebeu que é só a “família” – ou os muito chegados – que podem participar da farra de aviões da FAB, Santini foi demitido ao chegar no Brasil. Onyx Lorenzoni nem foi avisado da demissão de seu assessor.
E o pior é que outro assessor de Lorenzoni, Gustavo Chaves, de imprensa, também foi demitido na mesma semana. Ele havia emitido uma nota de esclarecimento do ministério sobre a viagem de Santini. Disse que a viagem tinha seguido todos os trâmites e obedecido as normas legais. Depois, informou que, após uma conversa com o presidente, Santini seria afastado da secretaria geral mas seria readmitido em outra função na própria Casa Civil.
Só que o escândalo já era de domínio público. O “mito” bem que tentou, mas não teve como segurar no governo o “amigão” dos meninos. Em mais um imbróglio ministerial, Bolsonaro acabou afastando os dois, Santini e Gustavo Chaves, da Casa Civil.
No lugar de Gustavo entrou Mateus Colombo Mendes, que nas redes sociais se define como “olavate” e “bolsominion”.
As demissões e as novas nomeações se deram ao mesmo tempo em que Bolsonaro decidiu também retirar a última função da Casa Civil. Passou o PPI das mãos de Onyx e para o comando de Paulo Guedes. Era praticamente o enterro da Casa Civil.
Enquanto tudo isso acontecia, Onyx, de férias, tirava foto abraçado com Olavo de Carvalho na Virgínia, onde se esconde o guru bolsonarista, numa tentativa desesperada de se manter no cargo. O desfecho revela que a foto com o guru deve ter surtido algum efeito.
Mesmo sem assessores, sem mesa, sem secretária e sem nada para fazer, Onyx conseguiu se manter no cargo de chefe da Casa Civil de Bolsonaro.