“Tenho compromisso com a privatização”, declarou Wilson Ferreira, em evento do Credit Suisse
O presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, disse na terça-feira, 29 de janeiro, que o objetivo do governo Bolsonaro é dar início ao processo de privatização da maior empresa de geração de energia elétrica do país no segundo semestre deste ano.
“Tenho compromisso com a privatização”, declarou na Latin America Investment Conference, evento promovido pelo banco Credit Suisse, em São Paulo, a “investidores” estrangeiros.
Wilson Ferreira, que está à frente da estatal desde 2016 com a missão de privatizar a Eletrobrás, ficou se explicando aos “investidores”. Ele disse que o governo Bolsonaro ainda não entregou o controle da Eletrobrás para a iniciativa privada porque depende da autorização do Congresso Nacional. Todas as iniciativas anteriores de privatizar a Eletrobrás encontraram enorme resistência na Câmara dos Deputados, no Senado e na sociedade em geral.
Em novembro do ano passado, Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de lei em mais uma tentativa de privatizar a Eletrobrás.
O texto estabelece que o processo de privatização da Eletrobrás será executado por meio de uma operação de aumento do capital social da empresa, com a venda de novas ações ordinárias (que dão direito a voto) na Bolsa de Valores, de modo a diluir a participação do governo no capital social da estatal (atualmente de 60,43%). A União não participará da operação. Com isso, sua participação dentro da Eletrobrás cairá e ela deixará de ser acionista majoritária.
Segundo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na reunião com o governo antes do recesso parlamentar, vários senadores, dos 50 que participaram, foram contrários à privatização da Eletrobrás. “Se tiver 50 senadores contra, não têm nem como pautar, porque já estará derrotada”, disse Alcolumbre.
No final do ano passado, Alcolumbre voltou a afirmar que a privatização da Eletrobrás seria derrubada no Senado. Ele destacou que a frente parlamentar dos senadores do Norte e Nordeste, que conta com 48 membros, se posicionou contra a proposta.
Diversos parlamentares apontaram ao longo do ano que a privatização da Eletrobrás é um atentado à soberania nacional, além de colocar em risco o meio ambiente brasileiro. Vide o que ocorreu após a privatização da Vale do Rio Doce (Um ano de Brumadinho: como a Vale privatizada assassinou 270 pessoas).
“Nós criamos essa energia limpa, e hoje eles querem vender o curso dos nossos rios, das nossas águas e ainda dando o direito de outro país acender e apagar a luz do povo brasileiro na hora que quiser”, denunciou a senadora Zenaide Maia (Pros-RN).
Além da Eletrobrás, o governo anunciou que pretende entregar para o capital privado, de preferência estrrangeiro, “300 ativos”.
Mas a resistência é grande contra a privatização das históricas estatais e contra o desmonte do estado. A privatização dos Correios ficou para 2021, porque, segundo o secretário de privatização de Guedes, Salim Mattar, “vai dar trabalho”.
Pode apostar.
Entre as empresas que estão com data marcada para privatização estão seis estatais – Casa da Moeda do Brasl, Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas) Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias ( ABGF) e Empresa Gestora de Ativos (EMGEA).