PROFESSOR HENRIQUE HETTWER (*)
O governador Eduardo Leite (PSDB) ameaça e afetou gravemente o futuro social e econômico do Rio Grande do Sul com a nefasta destruição da carreira dos educadores gaúchos.
Se, outrora, o estado gabava-se de ostentar altos índices educacionais com a valorização do magistério e conquistas do Plano de Carreira desde 1974, com a recente desconstrução neoliberal de Antônio Brito (PMDB), Yeda Crusius (PSDB) e José Ivo Sartori (PMDB), os índices só regridem e comprometem o desenvolvimento social e econômico do estado.
O patrimônio público foi vendido afirmando que educação e saúde melhorariam e estes só andaram para trás. Não há interesse dos neoliberais no serviço público.
Seguem ditames de bancos e corporações estrangeiras para usar nosso território tão somente para extrair nossas riquezas e trabalho, cada vez mais precarizado, para aumentar seus lucros e remetê-los ao exterior. Isso só nos empobrece e faz retroceder um estado outrora pujante e progressista.
Há quem obedeça essa lógica perversa. Eduardo Leite é um deles.
O tucano alimenta privilégios de algumas corporações que ganham vastos incentivos sem gerar empregos e tributos, apenas enviando lucros para suas matrizes estrangeiras. Silencia diante do sequestro de cerca de R$ 48 bilhões não tributados pela Lei Kandir. Mantém alta tributação de alguns produtos, como combustíveis, aumentando a receita, encarecendo a vida dos gaúchos, sem destinar os recursos devidos para áreas essenciais como educação, saúde e segurança.
Pelo contrário, estas são o alvo da agressividade neoliberal de Leite. Os prejuízos são incalculáveis para o futuro do Rio Grande do Sul. A carestia só vai aumentar; haverá sério comprometimento para formação de crianças e adolescentes; centenas de educadores abandonarão a carreira, provavelmente os mais capacitados; aumentará o adoecimento do funcionalismo com a desgastante situação; as escolas estarão mais precarizadas com contratos temporários e de qualificação duvidosa; a qualidade de ensino fatalmente será ainda mais comprometida.
A quem interessa isso? Darcy Ribeiro já dissera: “a crise da escola pública não é uma crise, é um projeto”.
Leite, deliberadamente, quer arrebentar a educação pública para torná-la um negócio para especuladores como Jorge Lehmann e sua fundação, que já ganham concessões de serviços de consultoria no governo atual.
Ou seja, destruir um dos pilares da educação pública, a carreira dos educadores, só atende aos ditames de aproveitadores que só visam lucro e não a necessária qualidade e emancipação do povo gaúcho.
Realizamos uma greve histórica e aguerrida que uniu a sociedade gaúcha. No entanto, usando mecanismos como distribuição de cargos e emendas parlamentares, efetivou-se uma maioria numa Assembléia Legislativa eleita numa correlação de forças desfavorável aos anseios populares.
Coube à atenta direção do sindicato, o CPERS, e de dezenas de milhares de grevistas, uma busca pela redução de danos junto aos deputados do estado, tentando minimizar o impacto, o que foi parcialmente atendido graças ao gigantismo da mobilização educadora.
Fez-se no Rio Grande do Sul um estelionato eleitoral. Leite não apresentou na campanha essas propostas destruidoras. Pelo contrário, disse que poria os salários em dia e valorizaria os educadores.
Mentira! São 50 meses de salários parcelados e atrasados e agora a destruição do plano de carreira.
(*) Professor de Ciências Humanas das redes públicas municipal e estadual. Mestre em Geografia. Doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).